4 de outubro, dia 277: Lucas, cap. 7 & 8
Parcialidade no julgar não é bom. O que disser ao perverso: Tu és justo; pelo povo será maldito e detestado pelas nações. Mas os que o repreenderem se acharão bem, e sobre eles virão grandes bênçãos. (Provérbios 24.23-25)
Salmo de Asafe
1 Deus assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento.
2 Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios?
3 Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado.
4 Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.
5 Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam todos os fundamentos da terra.
6 Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo.
7 Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir.
8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois a ti compete a herança de todas as nações.
Parte XIV
Jesus e o Reino de Deus
Mt 8.5-13
1 Tendo Jesus concluído todas as suas palavras dirigidas ao povo, entrou em Cafarnaum. 2 E o servo de um centurião, a quem este muito estimava, estava doente, quase à morte. 3 Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, pedindo-lhe que viesse curar o seu servo. 4 Estes, chegando-se a Jesus, com instância lhe suplicaram, dizendo: Ele é digno de que lhe faças isto; 5 porque é amigo do nosso povo, e ele mesmo nos edificou a sinagoga. 6 Então, Jesus foi com eles. E, já perto da casa, o centurião enviou-lhe amigos para lhe dizer: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres em minha casa. 7 Por isso, eu mesmo não me julguei digno de ir ter contigo; porém manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. 8 Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens, e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. 9 Ouvidas estas palavras, admirou-se Jesus dele e, voltando-se para o povo que o acompanhava, disse: Afirmo-vos que nem mesmo em Israel achei fé como esta. 10 E, voltando para casa os que foram enviados, encontraram curado o servo.
11 Em dia subsequente, dirigia-se Jesus a uma cidade chamada Naim, e iam com ele os seus discípulos e numerosa multidão. 12 Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saía o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela. 13 Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores! 14 Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te! 15 Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua mãe. 16 Todos ficaram possuídos de temor e glorificavam a Deus, dizendo: Grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo. 17 Esta notícia a respeito dele divulgou-se por toda a Judeia e por toda a circunvizinhança.
Mt 11.2-6
18 Todas estas coisas foram referidas a João pelos seus discípulos. E João, chamando dois deles, 19 enviou-os ao Senhor para perguntar: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? 20 Quando os homens chegaram junto dele, disseram: João Batista enviou-nos para te perguntar: És tu aquele que estava para vir ou esperaremos outro? 21 Naquela mesma hora, curou Jesus muitos de moléstias, e de flagelos, e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos. 22 Então, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho. 23 E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço.
Mt 11.7-19
24 Tendo-se retirado os mensageiros, passou Jesus a dizer ao povo a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 25 Que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Os que se vestem bem e vivem no luxo assistem nos palácios dos reis. 26 Sim, que saístes a ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que profeta. 27 Este é aquele de quem está escrito:
Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
28 E eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. 29 Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João; 30 mas os fariseus e os intérpretes da Lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados por ele.
31 A que, pois, compararei os homens da presente geração, e a que são eles semelhantes? 32 São semelhantes a meninos que, sentados na praça, gritam uns para os outros:
Nós vos tocamos flauta, e não dançastes;
entoamos lamentações, e não chorastes.
33 Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! 34 Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! 35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.
36 Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. 37 E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; 38 e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento. 39 Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. 40 Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. 41 Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta. 42 Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? 43 Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. 44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. 45 Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. 46 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. 47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. 48 Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados. 49 Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados? 50 Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
A pecadora arrependida
1 Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, 2 e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; 3 e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens.
Mt 13.1-9; Mc 4.1-9
4 Afluindo uma grande multidão e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola: 5 Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram. 6 Outra caiu sobre a pedra; e, tendo crescido, secou por falta de umidade. 7 Outra caiu no meio dos espinhos; e estes, ao crescerem com ela, a sufocaram. 8 Outra, afinal, caiu em boa terra; cresceu e produziu a cento por um. Dizendo isto, clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Mt 13.10-23; Mc 4.10-20
9 E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta? 10 Respondeu-lhes Jesus: A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais, fala-se por parábolas, para que, vendo, não vejam; e, ouvindo, não entendam. 11 Este é o sentido da parábola: a semente é a palavra de Deus. 12 A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos. 13 A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, creem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam. 14 A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer. 15 A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança.
Mc 4.21-25
16 Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram vejam a luz. 17 Nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado. 18 Vede, pois, como ouvis; porque ao que tiver, se lhe dará; e ao que não tiver, até aquilo que julga ter lhe será tirado.
Mt 12.46-50; Mc 3.31-35
19 Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos e não podiam aproximar-se por causa da concorrência de povo. 20 E lhe comunicaram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te. 21 Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.
Mt 8.23-27; Mc 4.35-41
22 Aconteceu que, num daqueles dias, entrou ele num barco em companhia dos seus discípulos e disse-lhes: Passemos para a outra margem do lago; e partiram. 23 Enquanto navegavam, ele adormeceu. E sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar. 24 Chegando-se a ele, despertaram-no dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo! Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a bonança. 25 Então, lhes disse: Onde está a vossa fé? Eles, possuídos de temor e admiração, diziam uns aos outros: Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?
Mt 8.28-33; Mc 5.1-14
26 Então, rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galileia. 27 Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos sepulcros. 28 E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes. 29 Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E, embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto. 30 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios. 31 Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo. 32 Ora, andava ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu. 33 Tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do lago, e se afogou. 34 Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos.
Mt 8.34; Mc 5.14b-20
35 Então, saiu o povo para ver o que se passara, e foram ter com Jesus. De fato, acharam o homem de quem saíram os demônios, vestido, em perfeito juízo, assentado aos pés de Jesus; e ficaram dominados de terror. 36 E algumas pessoas que tinham presenciado os fatos contaram-lhes também como fora salvo o endemoninhado. 37 Todo o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo. E Jesus, tomando de novo o barco, voltou. 38 O homem de quem tinham saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo: 39 Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito.
Mt 9.18-19; Mc 5.21-24
40 Ao regressar Jesus, a multidão o recebeu com alegria, porque todos o estavam esperando. 41 Eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga, e, prostrando-se aos pés de Jesus, lhe suplicou que chegasse até a sua casa. 42 Pois tinha uma filha única de uns doze anos, que estava à morte.
Mt 9.20-22; Mc 5.24b-34
Enquanto ele ia, as multidões o apertavam. 43 Certa mulher que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia, e a quem ninguém tinha podido curar [e que gastara com os médicos todos os seus haveres], 44 veio por trás dele e lhe tocou na orla da veste, e logo se lhe estancou a hemorragia. 45 Mas Jesus disse: Quem me tocou? Como todos negassem, Pedro [com seus companheiros] disse: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem [e dizes: Quem me tocou?]. 46 Contudo, Jesus insistiu: Alguém me tocou, porque senti que de mim saiu poder. 47 Vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se trêmula e, prostrando-se diante dele, declarou, à vista de todo o povo, a causa por que lhe havia tocado e como imediatamente fora curada. 48 Então, lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.
Mt 9.23-25; Mc 5.35-43
49 Falava ele ainda, quando veio uma pessoa da casa do chefe da sinagoga, dizendo: Tua filha já está morta, não incomodes mais o Mestre. 50 Mas Jesus, ouvindo isto, lhe disse: Não temas, crê somente, e ela será salva. 51 Tendo chegado à casa, a ninguém permitiu que entrasse com ele, senão Pedro, João, Tiago e bem assim o pai e a mãe da menina. 52 E todos choravam e a pranteavam. Mas ele disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme. 53 E riam-se dele, porque sabiam que ela estava morta. 54 Entretanto, ele, tomando-a pela mão, disse-lhe, em voz alta: Menina, levanta-te! 55 Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou, e ele mandou que lhe dessem de comer. 56 Seus pais ficaram maravilhados, mas ele lhes advertiu que a ninguém contassem o que havia acontecido.
A ressurreição da filha de Jairo