Leitura Diária da Bíblia

1º de agosto, dia 213: Daniel, cap. 4 a 6

A quem amaldiçoa a seu pai ou a sua mãe, apagar-se-lhe-á a lâmpada nas mais densas trevas. (Provérbios 20.20)

Salmo 18

Vitória e domínio

2Sm 22.1-51

Ao mestre de canto. Salmo de Davi, servo do SENHOR, o qual dirigiu ao SENHOR as palavras deste cântico, no dia em que o SENHOR o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. Ele disse:

1 Eu te amo, ó SENHOR, força minha.

2 O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte.

3 Invoco o SENHOR, digno de ser louvado, e serei salvo dos meus inimigos.

4 Laços de morte me cercaram, torrentes de impiedade me impuseram terror.

5 Cadeias infernais me cingiram, e tramas de morte me surpreenderam.

6 Na minha angústia, invoquei o SENHOR, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos.

7 Então, a terra se abalou e tremeu, vacilaram também os fundamentos dos montes e se estremeceram, porque ele se indignou.

8 Das suas narinas subiu fumaça, e fogo devorador, da sua boca; dele saíram brasas ardentes.

9 Baixou ele os céus, e desceu, e teve sob os pés densa escuridão.

10 Cavalgava um querubim e voou; sim, levado velozmente nas asas do vento.

11 Das trevas fez um manto em que se ocultou; escuridade de águas e espessas nuvens dos céus eram o seu pavilhão.

12 Do resplendor que diante dele havia, as densas nuvens se desfizeram em granizo e brasas chamejantes.

13 Trovejou, então, o SENHOR, nos céus; o Altíssimo levantou a voz, e houve granizo e brasas de fogo.

14 Despediu as suas setas e espalhou os meus inimigos, multiplicou os seus raios e os desbaratou.

15 Então, se viu o leito das águas, e se descobriram os fundamentos do mundo, pela tua repreensão, SENHOR, pelo iroso resfolgar das tuas narinas.

16 Do alto me estendeu ele a mão e me tomou; tirou-me das muitas águas.

17 Livrou-me de forte inimigo e dos que me aborreciam, pois eram mais poderosos do que eu.

18 Assaltaram-me no dia da minha calamidade, mas o SENHOR me serviu de amparo.

19 Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque ele se agradou de mim.

20 Retribuiu-me o SENHOR, segundo a minha justiça, recompensou-me conforme a pureza das minhas mãos.

21 Pois tenho guardado os caminhos do SENHOR e não me apartei perversamente do meu Deus.

22 Porque todos os seus juízos me estão presentes, e não afastei de mim os seus preceitos.

23 Também fui íntegro para com ele e me guardei da iniquidade.

24 Daí retribuir-me o SENHOR, segundo a minha justiça, conforme a pureza das minhas mãos, na sua presença.

25 Para com o benigno, benigno te mostras; com o íntegro, também íntegro.

26 Com o puro, puro te mostras; com o perverso, inflexível.

27 Porque tu salvas o povo humilde, mas os olhos altivos, tu os abates.

28 Porque fazes resplandecer a minha lâmpada; o SENHOR, meu Deus, derrama luz nas minhas trevas.

29 Pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto muralhas.

30 O caminho de Deus é perfeito; a palavra do SENHOR é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam.

31 Pois quem é Deus, senão o SENHOR? E quem é rochedo, senão o nosso Deus?

32 O Deus que me revestiu de força e aperfeiçoou o meu caminho, 34 Ele adestrou as minhas mãos para o combate, de sorte que os meus braços vergaram um arco de bronze.

35 Também me deste o escudo da tua salvação, a tua direita me susteve, e a tua clemência me engrandeceu.

36 Alargaste sob meus passos o caminho, e os meus pés não vacilaram.

37 Persegui os meus inimigos, e os alcancei, e só voltei depois de haver dado cabo deles.

38 Esmaguei-os a tal ponto, que não puderam levantar-se; caíram sob meus pés.

39 Pois de força me cingiste para o combate e me submeteste os que se levantaram contra mim.

40 Também puseste em fuga os meus inimigos, e os que me odiaram, eu os exterminei.

41 Gritaram por socorro, mas ninguém lhes acudiu; clamaram ao SENHOR, mas ele não respondeu.

42 Então, os reduzi a pó ao léu do vento, lancei-os fora como a lama das ruas.

43 Das contendas do povo me livraste e me fizeste cabeça das nações; povo que não conheci me serviu.

44 Bastou-lhe ouvir-me a voz, logo me obedeceu; os estrangeiros se me mostram submissos.

45 Sumiram-se os estrangeiros e das suas fortificações saíram, espavoridos.

46 Vive o SENHOR, e bendita seja a minha rocha! Exaltado seja o Deus da minha salvação, 47 o Deus que por mim tomou vingança e me submeteu povos; 48 o Deus que me livrou dos meus inimigos; sim, tu que me exaltaste acima dos meus adversários e me livraste do homem violento.

49 Glorificar-te-ei, pois, entre os gentios, ó SENHOR, e cantarei louvores ao teu nome.

50 É ele quem dá grandes vitórias ao seu rei e usa de benignidade para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre.


The Bible Project Reading Plan

Parte XII

Os Profetas após o Exílio

O Livro de Daniel

Capítulo 4

A loucura de Nabucodonosor

1 O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e homens de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! 2 Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. 3 Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração.

4 Eu, Nabucodonosor, estava tranquilo em minha casa e feliz no meu palácio. 5 Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me turbaram. 6 Por isso, expedi um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios da Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho. 7 Então, entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber a sua interpretação. 8 Por fim, se me apresentou Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo: 9 Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis as visões do sonho que eu tive; dize-me a sua interpretação. 10 Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava olhando e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande; 11 crescia a árvore e se tornava forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra. 12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela. 13 No meu sonho, quando eu estava no meu leito, vi um vigilante, um santo, que descia do céu, 14 clamando fortemente e dizendo: Derribai a árvore, cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus ramos. 15 Mas a cepa, com as raízes, deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais, a erva da terra. 16 Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ela sete tempos. 17 Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles. 18 Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó Beltessazar, dize a interpretação, porquanto todos os sábios do meu reino não me puderam fazer saber a interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.

19 Então, Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o turbavam. Então, lhe falou o rei e disse: Beltessazar, não te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos. 20 A árvore que viste, que cresceu e se tornou forte, cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por toda a terra, 21 cuja folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves do céu faziam morada, 22 és tu, ó rei, que cresceste e vieste a ser forte; a tua grandeza cresceu e chega até ao céu, e o teu domínio, até à extremidade da terra. 23 Quanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que descia do céu e que dizia: Cortai a árvore e destruí-a, mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ela sete tempos, 24 esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor: 25 serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. 26 Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu, depois que tiveres conhecido que o céu domina. 27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e põe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranquilidade.

28 Todas estas coisas sobrevieram ao rei Nabucodonosor. 29 Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia, 30 falou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade? 31 Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. 32 Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. 33 No mesmo instante, se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor; e foi expulso de entre os homens e passou a comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves.

34 Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. 35 Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? 36 Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, para a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou extraordinária grandeza. 37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba.

Capítulo 5

Os escritos na parede

1 O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil. 2 Enquanto Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tirara do templo, que estava em Jerusalém, para que neles bebessem o rei e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas. 3 Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas. 4 Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.

5 No mesmo instante, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo. 6 Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro. 7 O rei ordenou, em voz alta, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei e disse aos sábios da Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, trará uma cadeia de ouro ao pescoço e será o terceiro no meu reino. 8 Então, entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação. 9 Com isto, se perturbou muito o rei Belsazar, e mudou-se-lhe o semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados.

10 A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou na casa do banquete e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. 11 Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros, 12 porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.

13 Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá? 14 Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e excelente sabedoria. 15 Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras. 16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solucionar casos difíceis; agora, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço e serás o terceiro no meu reino.

17 Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação. 18 Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino e grandeza, glória e majestade. 19 Por causa da grandeza que lhe deu, povos, nações e homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; matava a quem queria e a quem queria deixava com vida; a quem queria exaltava e a quem queria abatia. 20 Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória. 21 Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele. 22 Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto. 23 E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, e os teus grandes, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.

24 Então, da parte dele foi enviada aquela mão que traçou esta escritura. 25 Esta, pois, é a escritura que se traçou: Mene, Mene, Tequel e Parsim. 26 Esta é a interpretação daquilo: Mene: Contou Deus o teu reino e deu cabo dele. 27 Tequel: Pesado foste na balança e achado em falta. 28 Peres: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas.

29 Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu reino. 30 Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. 31 E Dario, o medo, com cerca de sessenta e dois anos, se apoderou do reino.

Daniel lê os escritos na parede do palácio real

Capítulo 6

Daniel na cova dos leões

1 Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino; 2 e sobre eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano. 3 Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino. 4 Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa. 5 Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus.

6 Então, estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei e lhe disseram: Ó rei Dario, vive eternamente! 7 Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores concordaram em que o rei estabeleça um decreto e faça firme o interdito que todo homem que, por espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões. 8 Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito e assina a escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar. 9 Por esta causa, o rei Dario assinou a escritura e o interdito.

10 Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer. 11 Então, aqueles homens foram juntos, e, tendo achado a Daniel a orar e a suplicar, diante do seu Deus, 12 se apresentaram ao rei, e, a respeito do interdito real, lhe disseram: Não assinaste um interdito que, por espaço de trinta dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse: Esta palavra é certa, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar. 13 Então, responderam e disseram ao rei: Esse Daniel, que é dos exilados de Judá, não faz caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste; antes, três vezes por dia, faz a sua oração.

14 Tendo o rei ouvido estas coisas, ficou muito penalizado e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e, até ao pôr do sol, se empenhou por salvá-lo. 15 Então, aqueles homens foram juntos ao rei e lhe disseram: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto que o rei sancione se pode mudar. 16 Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel e o lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, que ele te livre. 17 Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; selou-a o rei com o seu próprio anel e com o dos seus grandes, para que nada se mudasse a respeito de Daniel. 18 Então, o rei se dirigiu para o seu palácio, passou a noite em jejum e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono.

19 Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi com pressa à cova dos leões. 20 Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões? 21 Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive eternamente! 22 O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca aos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum. 23 Então, o rei se alegrou sobremaneira e mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus. 24 Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova, e já os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.

25 Então, o rei Dario escreveu aos povos, nações e homens de todas as línguas que habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! 26 Faço um decreto pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu reino não será destruído, e o seu domínio não terá fim. 27 Ele livra, e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quem livrou a Daniel do poder dos leões.

28 Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa.

Daniel na cova dos leões


Leitura Extra

O Povo do Reino de Deus

Segunda Epístola aos Tessalonicenses

Introdução

Mesmo depois de terem recebido a primeira epístola de Paulo, os cristãos de Tessalônica continuaram discutindo sobre a vinda do Senhor Jesus Cristo. Alguns até diziam que o Dia do Senhor já havia chegado, enquanto outros estavam tão certos de que Jesus voltaria logo, que largavam o trabalho e viviam às custas dos outros.

Então Paulo escreve a Segunda Epístola aos Tessalonicenses a fim de corrigir esses falsos ensinamentos e maneiras de agir. Nela, ele diz que, antes da vinda de Cristo, haverá um tempo de maldade e de pecado. Paulo fala também de um poder misterioso, a quem ele chama de "o iníquo", que chefiará uma revolta mundial contra Deus. Mas Deus vencerá, e os que são escolhidos por ele para a salvação ficarão sempre seguros. Paulo pede que os leitores continuem firmes na fé e não andem atrás de ensinamentos falsos.

É nesta epístola que se encontra o famoso ditado: "Se alguém não quer trabalhar, também não coma" (3.10).

Esquema do conteúdo

Prefácio e saudação (1.1-2)

1. Os últimos dias

a. O Juízo Final (1.3-12)

b. Manifestação do homem da iniquidade (2.1-12)

2. Privilégios e deveres do povo de Deus

a. Escolhidos para a salvação (2.13-17)

b. Que a palavra de Deus seja glorificada (3.1-5)

c. O dever de trabalhar (3.6-15)

Saudação e bênção (3.16-18)

Capítulo 1

Prefácio e saudação

1 Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo, 2 graça e paz a vós outros, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Ação de graças

3 Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando, 4 a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais, 5 sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo; 6 se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam 7 e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, 8 em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. 9 Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, 10 quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho). 11 Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, 12 a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

Capítulo 2

A vinda do Senhor

1 Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos 2 a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. 3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, 4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. 5 Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas? 6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.

O caráter do homem da iniquidade e a sua derrota

7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; 8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda. 9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, 10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. 11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, 12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.

Ação de graças e exortação

13 Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, 14 para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. 15 Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.

16 Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, 17 consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra.

Capítulo 3

Paulo pede as orações dos tessalonicenses

1 Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vós; 2 e para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a fé não é de todos. 3 Todavia, o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno. 4 Nós também temos confiança em vós no Senhor, de que não só estais praticando as coisas que vos ordenamos, como também continuareis a fazê-las. 5 Ora, o Senhor conduza o vosso coração ao amor de Deus e à constância de Cristo.

Exortação à prática de vários deveres cristãos pessoais, sociais e coletivos

6 Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes; 7 pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós, 8 nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; 9 não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes. 10 Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma. 11 Pois, de fato, estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. 12 A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão. 13 E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.

14 Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. 15 Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.

16 Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz em todas as circunstâncias. O Senhor seja com todos vós.

A saudação final e a bênção

17 A saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é que eu assino. 18 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós.