22 de junho, dia 173: Jeremias, cap. 14 a 17
Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha. (Provérbios 18.13)
Ao mestre de canto. Salmo de Davi
1 Livra-me, SENHOR, do homem perverso, guarda-me do homem violento, 2 cujo coração maquina iniquidades e vive forjando contendas.
3 Aguçam a língua como a serpente; sob os lábios têm veneno de áspide.
4 Guarda-me, SENHOR, da mão dos ímpios, preserva-me do homem violento, os quais se empenham por me desviar os passos.
5 Os soberbos ocultaram armadilhas e cordas contra mim, estenderam-me uma rede à beira do caminho, armaram ciladas contra mim.
6 Digo ao SENHOR: tu és o meu Deus; acode, SENHOR, à voz das minhas súplicas.
7 Ó SENHOR, força da minha salvação, tu me protegeste a cabeça no dia da batalha.
8 Não concedas, SENHOR, ao ímpio os seus desejos; não permitas que vingue o seu mau propósito.
9 Se exaltam a cabeça os que me cercam, cubra-os a maldade dos seus lábios.
10 Caiam sobre eles brasas vivas, sejam atirados ao fogo, lançados em abismos para que não mais se levantem.
11 O caluniador não se estabelecerá na terra; ao homem violento, o mal o perseguirá com golpe sobre golpe.
12 Sei que o SENHOR manterá a causa do oprimido e o direito do necessitado.
13 Assim, os justos renderão graças ao teu nome; os retos habitarão na tua presença.
Parte X
Os Profetas do Exílio
1 Palavra do SENHOR que veio a Jeremias a respeito da grande seca. 2 Anda chorando Judá, as suas portas estão abandonadas e, de luto, se curvam até ao chão; e o clamor de Jerusalém vai subindo. 3 Os seus poderosos enviam os criados a buscar água; estes vão às cisternas e não acham água; voltam com seus cântaros vazios e, decepcionados e confusos, cobrem a cabeça. 4 Por não ter havido chuva sobre a terra, esta se acha deprimida; e, por isso, os lavradores, decepcionados, cobrem a cabeça. 5 Até as cervas no campo têm as suas crias e as abandonam, porquanto não há erva. 6 Os jumentos selvagens se põem nos desnudos altos e, ofegantes, sorvem o ar como chacais; os seus olhos desfalecem, porque não há erva.
7 Posto que as nossas maldades testificam contra nós, ó SENHOR, age por amor do teu nome; porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra ti pecamos. 8 Ó Esperança de Israel e Redentor seu no tempo da angústia, por que serias como estrangeiro na terra e como viandante que se desvia para passar a noite? 9 Por que serias como homem surpreendido, como valente que não pode salvar? Mas tu, ó SENHOR, estás em nosso meio, e somos chamados pelo teu nome; não nos desampares.
10 Assim diz o SENHOR sobre este povo: Gostam de andar errantes e não detêm os pés; por isso, o SENHOR não se agrada deles, mas se lembrará da maldade deles e lhes punirá o pecado. 11 Disse-me ainda o SENHOR: Não rogues por este povo para o bem dele. 12 Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor e, quando trouxerem holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei deles; antes, eu os consumirei pela espada, pela fome e pela peste.
13 Então, disse eu: Ah! SENHOR Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, nem tereis fome; mas vos darei verdadeira paz neste lugar. 14 Disse-me o SENHOR: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo são o que eles vos profetizam. 15 Portanto, assim diz o SENHOR acerca dos profetas que, profetizando em meu nome, sem que eu os tenha mandado, dizem que nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas. 16 O povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; não haverá quem os sepulte, a ele, a suas mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade. 17 Portanto, lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas, de noite e de dia, e não cessem; porque a virgem, filha do meu povo, está profundamente golpeada, de ferida mui dolorosa. 18 Se eu saio ao campo, eis aí os mortos à espada; se entro na cidade, estão ali os debilitados pela fome; até os profetas e os sacerdotes vagueiam pela terra e não sabem para onde vão.
19 Acaso, já de todo rejeitaste a Judá? Ou aborrece a tua alma a Sião? Por que nos feriste, e não há cura para nós? Aguardamos a paz, e nada há de bom; o tempo da cura, e eis o terror. 20 Conhecemos, ó SENHOR, a nossa maldade e a iniquidade de nossos pais; porque temos pecado contra ti. 21 Não nos rejeites, por amor do teu nome; não cubras de opróbrio o trono da tua glória; lembra-te e não anules a tua aliança conosco. 22 Acaso, haverá entre os ídolos dos gentios algum que faça chover? Ou podem os céus de si mesmos dar chuvas? Não és tu somente, ó SENHOR, nosso Deus, o que fazes isto? Portanto, em ti esperamos, pois tu fazes todas estas coisas.
1 Disse-me, porém, o SENHOR: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, meu coração não se inclinaria para este povo; lança-os de diante de mim, e saiam. 2 Quando te perguntarem: Para onde iremos? Dir-lhes-ás: Assim diz o SENHOR: O que é para a morte, para a morte; o que é para a espada, para a espada; o que é para a fome, para a fome; e o que é para o cativeiro, para o cativeiro. 3 Porque os punirei com quatro sortes de castigos, diz o SENHOR: com espada para matar, com cães para os arrastarem e com as aves dos céus e as feras do campo para os devorarem e destruírem. 4 Entregá-los-ei para que sejam um espetáculo horrendo para todos os reinos da terra; por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, por tudo quanto fez em Jerusalém.
5 Pois quem se compadeceria de ti, ó Jerusalém? Ou quem se entristeceria por ti? Ou quem se desviaria a perguntar pelo teu bem-estar? 6 Tu me rejeitaste, diz o SENHOR, voltaste para trás; por isso, levantarei a mão contra ti e te destruirei; estou cansado de ter compaixão. 7 Cirandei-os com a pá nas portas da terra; desfilhei e destruí o meu povo, mas não deixaram os seus caminhos. 8 As suas viúvas se multiplicaram mais do que as areias dos mares; eu trouxe ao meio-dia um destruidor sobre a mãe de jovens; fiz cair de repente sobre ela angústia e pavor. 9 Aquela que tinha sete filhos desmaiou como para expirar a alma; pôs-se-lhe o sol quando ainda era dia; ela ficou envergonhada e confundida, e os que ficaram dela, eu os entregarei à espada, diante dos seus inimigos, diz o SENHOR.
10 Ai de mim, minha mãe! Pois me deste à luz homem de rixa e homem de contendas para toda a terra! Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a mim com usura; todavia, cada um deles me amaldiçoa.
11 Disse o SENHOR: Na verdade, eu te fortalecerei para o bem e farei que o inimigo te dirija súplicas no tempo da calamidade e no tempo da aflição. 12 Pode alguém quebrar o ferro, o ferro do Norte, ou o bronze? 13 Os teus bens e os teus tesouros entregarei gratuitamente ao saque, por todos os teus pecados e em todos os teus territórios. 14 Levar-te-ei com os teus inimigos para a terra que não conheces; porque o fogo se acendeu em minha ira e sobre vós arderá.
15 Tu, ó SENHOR, o sabes; lembra-te de mim, ampara-me e vinga-me dos meus perseguidores; não me deixes ser arrebatado, por causa da tua longanimidade; sabe que por amor de ti tenho sofrido afrontas. 16 Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. 17 Nunca me assentei na roda dos que se alegram, nem me regozijei; oprimido por tua mão, eu me assentei solitário, pois já estou de posse das tuas ameaças. 18 Por que dura a minha dor continuamente, e a minha ferida me dói e não admite cura? Serias tu para mim como ilusório ribeiro, como águas que enganam?
19 Portanto, assim diz o SENHOR: Se tu te arrependeres, eu te farei voltar e estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás a minha boca; e eles se tornarão a ti, mas tu não passarás para o lado deles. 20 Eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para te livrar deles, diz o SENHOR; 21 arrebatar-te-ei das mãos dos iníquos, livrar-te-ei das garras dos violentos.
1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 2 Não tomarás mulher, não terás filhos nem filhas neste lugar. 3 Porque assim diz o SENHOR acerca dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, acerca das mães que os tiverem e dos pais que os gerarem nesta terra: 4 Morrerão vitimados de enfermidades e não serão pranteados, nem sepultados; servirão de esterco para a terra. A espada e a fome os consumirão, e o seu cadáver servirá de pasto às aves do céu e aos animais da terra.
5 Porque assim diz o SENHOR: Não entres na casa do luto, não vás a lamentá-los, nem te compadeças deles; porque deste povo retirei a minha paz, diz o SENHOR, a benignidade e a misericórdia. 6 Nesta terra, morrerão grandes e pequenos e não serão sepultados; não os prantearão, nem se farão por eles incisões, nem por eles se raparão as cabeças. 7 Não se dará pão a quem estiver de luto, para consolá-lo por causa de morte; nem lhe darão a beber do copo de consolação, pelo pai ou pela mãe. 8 Nem entres na casa do banquete, para te assentares com eles a comer e a beber. 9 Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que farei cessar neste lugar, perante vós e em vossos dias, a voz de regozijo e a voz de alegria, o canto do noivo e o da noiva.
10 Quando anunciares a este povo todas estas palavras e eles te disserem: Por que nos ameaça o SENHOR com todo este grande mal? Qual é a nossa iniquidade, qual é o nosso pecado, que cometemos contra o SENHOR, nosso Deus? 11 Então, lhes responderás: Porque vossos pais me deixaram, diz o SENHOR, e se foram após outros deuses, e os serviram, e os adoraram, mas a mim me deixaram e a minha lei não guardaram. 12 Vós fizestes pior do que vossos pais; pois eis que cada um de vós anda segundo a dureza do seu coração maligno, para não me dar ouvidos a mim. 13 Portanto, lançar-vos-ei fora desta terra, para uma terra que não conhecestes, nem vós nem vossos pais, onde servireis a outros deuses, de dia e de noite, porque não usarei de misericórdia para convosco.
14 Portanto, eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que nunca mais se dirá: Tão certo como vive o SENHOR, que fez subir os filhos de Israel do Egito; 15 mas: Tão certo como vive o SENHOR, que fez subir os filhos de Israel da terra do Norte e de todas as terras para onde os tinha lançado. Pois eu os farei voltar para a sua terra, que dei a seus pais.
16 Eis que mandarei muitos pescadores, diz o SENHOR, os quais os pescarão; depois, enviarei muitos caçadores, os quais os caçarão de sobre todos os montes, de sobre todos os outeiros e até nas fendas das rochas. 17 Porque os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; ninguém se esconde diante de mim, nem se encobre a sua iniquidade aos meus olhos. 18 Primeiramente, pagarei em dobro a sua iniquidade e o seu pecado, porque profanaram a minha terra com os cadáveres dos seus ídolos detestáveis e encheram a minha herança com as suas abominações.
19 Ó SENHOR, força minha, e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as nações desde os fins da terra e dirão: Nossos pais herdaram só mentiras e coisas vãs, em que não há proveito. 20 Acaso, fará o homem para si deuses que, de fato, não são deuses? 21 Portanto, eis que lhes farei conhecer, desta vez lhes farei conhecer a minha força e o meu poder; e saberão que o meu nome é SENHOR.
1 O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com diamante pontiagudo, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares. 2 Seus filhos se lembram dos seus altares e dos seus postes-ídolos junto às árvores frondosas, sobre os altos outeiros. 3 Ó monte do campo, os teus bens e todos os teus tesouros darei por presa, como também os teus altos por causa do pecado, em todos os teus territórios! 4 Assim, por ti mesmo te privarás da tua herança que te dei, e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces; porque o fogo que acendeste na minha ira arderá para sempre.
5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR! 6 Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.
7 Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR. 8 Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? 10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações. 11 Como a perdiz que choca ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias, as deixará e no seu fim será insensato.
12 Trono de glória enaltecido desde o princípio é o lugar do nosso santuário. 13 Ó SENHOR, Esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam serão envergonhados; o nome dos que se apartam de mim será escrito no chão; porque abandonam o SENHOR, a fonte das águas vivas. 14 Cura-me, SENHOR, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor. 15 Eis que eles me dizem: Onde está a palavra do SENHOR? Que se cumpra! 16 Mas eu não me recusei a ser pastor, seguindo-te; nem tampouco desejei o dia da aflição, tu o sabes; o que saiu dos meus lábios está no teu conhecimento. 17 Não me sejas motivo de terror; meu refúgio és tu no dia do mal. 18 Sejam envergonhados os que me perseguem, e não seja eu envergonhado; assombrem-se eles, e não me assombre eu; traze sobre eles o dia do mal e destrói-os com dobrada destruição.
19 Assim me disse o SENHOR: Vai, põe-te à porta dos filhos do povo, pela qual entram e saem os reis de Judá, como também a todas as portas de Jerusalém, 20 e dize-lhes: Ouvi a palavra do SENHOR, vós, reis de Judá, e todo o Judá, e todos os moradores de Jerusalém que entrais por estas portas. 21 Assim diz o SENHOR: Guardai-vos por amor da vossa alma, não carregueis cargas no dia de sábado, nem as introduzais pelas portas de Jerusalém; 22 não tireis cargas de vossa casa no dia de sábado, nem façais obra alguma; antes, santificai o dia de sábado, como ordenei a vossos pais. 23 Mas não atenderam, não inclinaram os ouvidos; antes, endureceram a cerviz, para não me ouvirem, para não receberem disciplina. 24 Se, deveras, me ouvirdes, diz o SENHOR, não introduzindo cargas pelas portas desta cidade no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado, não fazendo nele obra alguma, 25 então, pelas portas desta cidade entrarão reis e príncipes, que se assentarão no trono de Davi, andando em carros e montados em cavalos, eles e seus príncipes, os homens de Judá e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será para sempre habitada. 26 Virão das cidades de Judá e dos contornos de Jerusalém, da terra de Benjamim, das planícies, das montanhas e do Sul, trazendo holocaustos, sacrifícios, ofertas de manjares e incenso, oferecendo igualmente sacrifícios de ações de graças na Casa do SENHOR. 27 Mas, se não me ouvirdes, e, por isso, não santificardes o dia de sábado, e carregardes alguma carga, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então, acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém e não se apagará.
Jesus e o Reino de Deus
1 Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, 2 perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. 3 Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. 4 Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. 5 Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. 6 E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam. 7 Eram, ao todo, uns doze homens.
8 Durante três meses, Paulo frequentou a sinagoga, onde falava ousadamente, dissertando e persuadindo com respeito ao reino de Deus. 9 Visto que alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando a discorrer diariamente na escola de Tirano. 10 Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos. 11 E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, 12 a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam. 13 E alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre possessos de espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega. 14 Os que faziam isto eram sete filhos de um judeu chamado Ceva, sumo sacerdote. 15 Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? 16 E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos, fugiram daquela casa. 17 Chegou este fato ao conhecimento de todos, assim judeus como gregos habitantes de Éfeso; veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. 18 Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. 19 Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários. 20 Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente.
Paulo em Éfeso
21 Cumpridas estas coisas, Paulo resolveu, no seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e Acaia, considerando: Depois de haver estado ali, importa-me ver também Roma. 22 Tendo enviado à Macedônia dois daqueles que lhe ministravam, Timóteo e Erasto, permaneceu algum tempo na Ásia.
23 Por esse tempo, houve grande alvoroço acerca do Caminho. 24 Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito lucro aos artífices, 25 convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade 26 e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. 27 Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram.
28 Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios! 29 Foi a cidade tomada de confusão, e todos, à uma, arremeteram para o teatro, arrebatando os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo. 30 Querendo este apresentar-se ao povo, não lhe permitiram os discípulos. 31 Também asiarcas, que eram amigos de Paulo, mandaram rogar-lhe que não se arriscasse indo ao teatro. 32 Uns, pois, gritavam de uma forma; outros, de outra; porque a assembleia caíra em confusão. E, na sua maior parte, nem sabiam por que motivo estavam reunidos. 33 Então, tiraram Alexandre dentre a multidão, impelindo-o os judeus para a frente. Este, acenando com a mão, queria falar ao povo. 34 Quando, porém, reconheceram que ele era judeu, todos, a uma voz, gritaram por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios! 35 O escrivão da cidade, tendo apaziguado o povo, disse: Senhores, efésios: quem, porventura, não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e da imagem que caiu de Júpiter? 36 Ora, não podendo isto ser contraditado, convém que vos mantenhais calmos e nada façais precipitadamente; 37 porque estes homens que aqui trouxestes não são sacrílegos, nem blasfemam contra a nossa deusa. 38 Portanto, se Demétrio e os artífices que o acompanham têm alguma queixa contra alguém, há audiências e procônsules; que se acusem uns aos outros. 39 Mas, se alguma outra coisa pleiteais, será decidida em assembleia regular. 40 Porque também corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição, não havendo motivo algum que possamos alegar para justificar este ajuntamento. 41 E, havendo dito isto, dissolveu a assembleia.
1 Cessado o tumulto, Paulo mandou chamar os discípulos, e, tendo-os confortado, despediu-se, e partiu para a Macedônia. 2 Havendo atravessado aquelas terras, fortalecendo os discípulos com muitas exortações, dirigiu-se para a Grécia, 3 onde se demorou três meses. Tendo havido uma conspiração por parte dos judeus contra ele, quando estava para embarcar rumo à Síria, determinou voltar pela Macedônia. 4 Acompanharam-no [até à Ásia] Sópatro, de Bereia, filho de Pirro, Aristarco e Secundo, de Tessalônica, Gaio, de Derbe, e Timóteo, bem como Tíquico e Trófimo, da Ásia; 5 estes nos precederam, esperando-nos em Trôade. 6 Depois dos dias dos pães asmos, navegamos de Filipos e, em cinco dias, fomos ter com eles naquele porto, onde passamos uma semana.
7 No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite. 8 Havia muitas lâmpadas no cenáculo onde estávamos reunidos. 9 Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormecendo profundamente durante o prolongado discurso de Paulo, vencido pelo sono, caiu do terceiro andar abaixo e foi levantado morto. 10 Descendo, porém, Paulo inclinou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, que a vida nele está. 11 Subindo de novo, partiu o pão, e comeu, e ainda lhes falou largamente até ao romper da alva. E, assim, partiu. 12 Então, conduziram vivo o rapaz e sentiram-se grandemente confortados.
13 Nós, porém, prosseguindo, embarcamos e navegamos para Assôs, onde devíamos receber Paulo, porque assim nos fora determinado, devendo ele ir por terra. 14 Quando se reuniu conosco em Assôs, recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene; 15 dali, navegando, no dia seguinte, passamos defronte de Quios, no dia imediato, tocamos em Samos e, um dia depois, chegamos a Mileto. 16 Porque Paulo já havia determinado não aportar em Éfeso, não querendo demorar-se na Ásia, porquanto se apressava com o intuito de passar o dia de Pentecostes em Jerusalém, caso lhe fosse possível.
17 De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja. 18 E, quando se encontraram com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, 19 servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram, 20 jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, 21 testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]. 22 E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, 23 senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. 24 Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. 25 Agora, eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais o meu rosto. 26 Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; 27 porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus. 28 Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. 29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. 30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. 31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um. 32 Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados. 33 De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; 34 vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. 35 Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.
36 Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles. 37 Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam, 38 entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera: que não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até ao navio.