11 de junho, dia 162: Jó, cap. 32 a 34
A sabedoria é o alvo do inteligente, mas os olhos do insensato vagam pelas extremidades da terra. (Provérbios 17.24)
O filho insensato é tristeza para o pai e amargura para quem o deu à luz. (Provérbios 17.25)
Cântico de romagem
1 Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, Israel que o diga; 2 desde a minha mocidade, me angustiaram, todavia, não prevaleceram contra mim.
3 Sobre o meu dorso lavraram osdores; nele abriram longos sulcos.
4 Mas o SENHOR é justo; cortou as cordas dos ímpios.
5 Sejam envergonhados e repelidos todos os que aborrecem a Sião!
6 Sejam como a erva dos telhados, que seca antes de florescer, 7 com a qual não enche a mão o ceifeiro, nem os braços, o que ata os feixes!
8 E também os que passam não dizem: A bênção do SENHOR seja convosco! Nós vos abençoamos em nome do SENHOR!
Parte IX
A Sabedoria de Israel
1 Cessaram aqueles três homens de responder a Jó no tocante ao se ter ele por justo aos seus próprios olhos. 2 Então, se acendeu a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; acendeu-se a sua ira contra Jó, porque este pretendia ser mais justo do que Deus. 3 Também a sua ira se acendeu contra os três amigos, porque, mesmo não achando eles o que responder, condenavam a Jó. 4 Eliú, porém, esperara para falar a Jó, pois eram de mais idade do que ele. 5 Vendo Eliú que já não havia resposta na boca daqueles três homens, a sua ira se acendeu.
6 Disse Eliú, filho de Baraquel, o buzita:
Eu sou de menos idade,
e vós sois idosos;
arreceei-me e temi
de vos declarar a minha opinião.
7 Dizia eu: Falem os dias,
e a multidão dos anos ensine a sabedoria.
8 Na verdade, há um espírito no homem,
e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio.
9 Os de mais idade não é que são os sábios,
nem os velhos, os que entendem o que é reto.
10 Pelo que digo: dai-me ouvidos,
e também eu declararei a minha opinião.
11 Eis que aguardei as vossas palavras
e dei ouvidos às vossas considerações,
enquanto, quem sabe, buscáveis o que dizer.
12 Atentando, pois, para vós outros,
eis que nenhum de vós houve que refutasse a Jó,
nem que respondesse às suas razões.
13 Não vos desculpeis, pois, dizendo:
Achamos sabedoria nele;
Deus pode vencê-lo, e não o homem.
14 Ora, ele não me dirigiu palavra alguma,
nem eu lhe retorquirei com as vossas palavras.
15 Jó, os três estão pasmados, já não respondem,
faltam-lhes as palavras.
16 Acaso, devo esperar, pois não falam,
estão parados e nada mais respondem?
17 Também eu concorrerei com a minha resposta;
declararei a minha opinião.
18 Porque tenho muito que falar,
e o meu espírito me constrange.
19 Eis que dentro de mim sou como o vinho, sem respiradouro,
como odres novos, prestes a arrebentar-se.
20 Permiti, pois, que eu fale para desafogar-me;
abrirei os lábios e responderei.
21 Não farei acepção de pessoas,
nem usarei de lisonjas com o homem.
22 Porque não sei lisonjear;
em caso contrário, em breve me levaria o meu Criador.
1 Ouve, pois, Jó, as minhas razões
e dá ouvidos a todas as minhas palavras.
2 Passo agora a falar,
em minha boca fala a língua.
3 As minhas razões provam a sinceridade do meu coração,
e os meus lábios proferem o puro saber.
4 O Espírito de Deus me fez,
e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.
5 Se podes, contesta-me,
dispõe bem as tuas razões perante mim e apresenta-te.
6 Eis que diante de Deus sou como tu és;
também eu sou formado do barro.
7 Por isso, não te inspiro terror,
nem será pesada sobre ti a minha mão.
8 Na verdade, falaste perante mim,
e eu ouvi o som das tuas palavras:
9 Estou limpo, sem transgressão;
puro sou e não tenho iniquidade.
10 Eis que Deus procura pretextos contra mim
e me considera como seu inimigo.
11 Põe no tronco os meus pés
e observa todas as minhas veredas.
12 Nisto não tens razão, eu te respondo;
porque Deus é maior do que o homem.
13 Por que contendes com ele,
afirmando que não te dá contas de nenhum dos seus atos?
14 Pelo contrário, Deus fala de um modo, sim, de dois modos,
mas o homem não atenta para isso.
15 Em sonho ou em visão de noite,
quando cai sono profundo sobre os homens,
quando adormecem na cama,
16 então, lhes abre os ouvidos
e lhes sela a sua instrução,
17 para apartar o homem do seu desígnio
e livrá-lo da soberba;
18 para guardar a sua alma da cova
e a sua vida de passar pela espada.
19 Também no seu leito é castigado com dores,
com incessante contenda nos seus ossos;
20 de modo que a sua vida abomina o pão,
e a sua alma, a comida apetecível.
21 A sua carne, que se via, agora desaparece,
e os seus ossos, que não se viam, agora se descobrem.
22 A sua alma se vai chegando à cova,
e a sua vida, aos portadores da morte.
23 Se com ele houver um anjo intercessor, um dos milhares,
para declarar ao homem o que lhe convém,
24 então, Deus terá misericórdia dele e dirá ao anjo:
Redime-o, para que não desça à cova;
achei resgate.
25 Sua carne se robustecerá com o vigor da sua infância,
e ele tornará aos dias da sua juventude.
26 Deveras orará a Deus, que lhe será propício;
ele, com júbilo, verá a face de Deus,
e este lhe restituirá a sua justiça.
27 Cantará diante dos homens e dirá:
Pequei, perverti o direito
e não fui punido segundo merecia.
28 Deus redimiu a minha alma de ir para a cova;
e a minha vida verá a luz.
29 Eis que tudo isto é obra de Deus,
duas e três vezes para com o homem,
30 para reconduzir da cova a sua alma
e o alumiar com a luz dos viventes.
31 Escuta, pois, ó Jó, ouve-me;
cala-te, e eu falarei.
32 Se tens alguma coisa que dizer, responde-me;
fala, porque desejo justificar-te.
33 Se não, escuta-me;
cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria.
1 Disse mais Eliú:
2 Ouvi, ó sábios, as minhas razões;
vós, instruídos, inclinai os ouvidos para mim.
3 Porque o ouvido prova as palavras,
como o paladar, a comida.
4 O que é direito escolhamos para nós;
conheçamos entre nós o que é bom.
5 Porque Jó disse: Sou justo,
e Deus tirou o meu direito.
6 Apesar do meu direito, sou tido por mentiroso;
a minha ferida é incurável, sem que haja pecado em mim.
7 Que homem há como Jó,
que bebe a zombaria como água?
8 E anda em companhia dos que praticam a iniquidade
e caminha com homens perversos?
9 Pois disse: De nada aproveita ao homem
o comprazer-se em Deus.
10 Pelo que vós, homens sensatos, escutai-me:
longe de Deus o praticar ele a perversidade,
e do Todo-Poderoso o cometer injustiça.
11 Pois retribui ao homem segundo as suas obras
e faz que a cada um toque segundo o seu caminho.
12 Na verdade, Deus não procede maliciosamente;
nem o Todo-Poderoso perverte o juízo.
13 Quem lhe entregou o governo da terra?
Quem lhe confiou o universo?
14 Se Deus pensasse apenas em si mesmo
e para si recolhesse o seu espírito e o seu sopro,
15 toda a carne juntamente expiraria,
e o homem voltaria para o pó.
16 Se, pois, há em ti entendimento, ouve isto;
inclina os ouvidos ao som das minhas palavras.
17 Acaso, governaria o que aborrecesse o direito?
E quererás tu condenar aquele que é justo e poderoso?
18 Dir-se-á a um rei: Oh! Vil?
Ou aos príncipes: Oh! Perversos?
19 Quanto menos àquele que não faz acepção das pessoas de príncipes,
nem estima ao rico mais do que ao pobre;
porque todos são obra de suas mãos.
20 De repente, morrem;
à meia-noite, os povos são perturbados e passam,
e os poderosos são tomados por força invisível.
21 Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem
e veem todos os seus passos.
22 Não há trevas nem sombra assaz profunda,
onde se escondam os que praticam a iniquidade.
23 Pois Deus não precisa observar por muito tempo o homem
antes de o fazer ir a juízo perante ele.
24 Quebranta os fortes, sem os inquirir,
e põe outros em seu lugar.
25 Ele conhece, pois, as suas obras;
de noite, os transtorna, e ficam moídos.
26 Ele os fere como a perversos,
à vista de todos;
27 porque dele se desviaram,
e não quiseram compreender nenhum de seus caminhos,
28 e, assim, fizeram que o clamor do pobre subisse até Deus,
e este ouviu o lamento dos aflitos.
29 Se ele aquietar-se, quem o condenará?
Se encobrir o rosto, quem o poderá contemplar,
seja um povo, seja um homem?
30 Para que o ímpio não reine,
e não haja quem iluda o povo.
31 Se alguém diz a Deus:
Sofri, não pecarei mais;
32 o que não vejo, ensina-mo tu;
se cometi injustiça, jamais a tornarei a praticar,
33 acaso, deve ele recompensar-te segundo tu queres ou não queres?
Acaso, deve ele dizer-te: Escolhe tu, e não eu;
declara o que sabes, fala?
34 Os homens sensatos dir-me-ão,
dir-me-á o sábio que me ouve:
35 Jó falou sem conhecimento,
e nas suas palavras não há sabedoria.
36 Tomara fosse Jó provado até ao fim,
porque ele respondeu como homem de iniquidade.
37 Pois ao seu pecado acrescenta rebelião,
entre nós, com desprezo, bate ele palmas
e multiplica as suas palavras contra Deus.
Jesus e o Reino de Deus
Mc 12.41-44
1 Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio. 2 Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas; 3 e disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. 4 Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento.
Mt 24.1-2; Mc 13.1-2
5 Falavam alguns a respeito do templo, como estava ornado de belas pedras e de dádivas; 6 então, disse Jesus: Vedes estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada.
Mt 24.3-14; Mc 13.3-13
7 Perguntaram-lhe: Mestre, quando sucederá isto? E que sinal haverá de quando estas coisas estiverem para se cumprir? 8 Respondeu ele: Vede que não sejais enganados; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! E também: Chegou a hora! Não os sigais. 9 Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam estas coisas, mas o fim não será logo.
10 Então, lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino, contra reino; 11 haverá grandes terremotos, epidemias e fome em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu. 12 Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome; 13 e isto vos acontecerá para que deis testemunho. 14 Assentai, pois, em vosso coração de não vos preocupardes com o que haveis de responder; 15 porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem. 16 E sereis entregues até por vossos pais, irmãos, parentes e amigos; e matarão alguns dentre vós. 17 De todos sereis odiados por causa do meu nome. 18 Contudo, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19 É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma.
Mt 24.15-28; Mc 13.14-23
20 Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. 21 Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela. 22 Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito. 23 Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. 24 Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles.
Mt 24.29-31; Mc 13.24-27
25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; 26 haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados. 27 Então, se verá o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória. 28 Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.
Mt 24.32-44; Mc 13.28-37
29 Ainda lhes propôs uma parábola, dizendo: Vede a figueira e todas as árvores. 30 Quando começam a brotar, vendo-o, sabeis, por vós mesmos, que o verão está próximo. 31 Assim também, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus. 32 Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que tudo isto aconteça. 33 Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.
34 Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço. 35 Pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face de toda a terra. 36 Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem.
37 Jesus ensinava todos os dias no templo, mas à noite, saindo, ia pousar no monte chamado das Oliveiras. 38 E todo o povo madrugava para ir ter com ele no templo, a fim de ouvi-lo.
Mt 26.1-5; Mc 14.1-2
1 Estava próxima a Festa dos Pães Asmos, chamada Páscoa. 2 Preocupavam-se os principais sacerdotes e os escribas em como tirar a vida a Jesus; porque temiam o povo.
Mt 26.14-16; Mc 14.10-11
3 Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze. 4 Este foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães sobre como lhes entregaria a Jesus; 5 então, eles se alegraram e combinaram em lhe dar dinheiro. 6 Judas concordou e buscava uma boa ocasião de lho entregar sem tumulto.
Mt 26.17-19; Mc 14.12-16
7 Chegou o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava comemorar a Páscoa. 8 Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparar-nos a Páscoa para que a comamos. 9 Eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? 10 Então, lhes explicou Jesus: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem com um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar 11 e dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde é o aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? 12 Ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado; ali fazei os preparativos. 13 E, indo, tudo encontraram como Jesus lhes dissera e prepararam a Páscoa.
14 Chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. 15 E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. 16 Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus. 17 E, tomando um cálice, havendo dado graças, disse: Recebei e reparti entre vós; 18 pois vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
Mt 26.26-30; Mc 14.22-26; 1Co 11.23-25
19 E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. 20 Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós. 21 Todavia, a mão do traidor está comigo à mesa. 22 Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído! 23 Então, começaram a indagar entre si quem seria, dentre eles, o que estava para fazer isto.
24 Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. 25 Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. 26 Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. 27 Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve. 28 Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. 29 Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, 30 para que comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.
Mt 26.31-35; Mc 14.27-31; Jo 13.36-38
31 Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! 32 Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos. 33 Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte. 34 Mas Jesus lhe disse: Afirmo-te, Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante.
35 A seguir, Jesus lhes perguntou: Quando vos mandei sem bolsa, sem alforje e sem sandálias, faltou-vos, porventura, alguma coisa? Nada, disseram eles. 36 Então, lhes disse: Agora, porém, quem tem bolsa, tome-a, como também o alforje; e o que não tem espada, venda a sua capa e compre uma. 37 Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito:
Ele foi contado com os malfeitores.
Porque o que a mim se refere está sendo cumprido.38 Então, lhe disseram: Senhor, eis aqui duas espadas! Respondeu-lhes: Basta!
Mt 26.36-46; Mc 14.32-42
39 E, saindo, foi, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam. 40 Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação. 41 Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava, 42 dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua. 43 [Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava. 44 E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.] 45 Levantando-se da oração, foi ter com os discípulos, e os achou dormindo de tristeza, 46 e disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.
Um anjo do céu conforta Jesus no monte das Oliveiras
Mt 26.47-56; Mc 14.43-50; Jo 18.1-11
47 Falava ele ainda, quando chegou uma multidão; e um dos doze, o chamado Judas, que vinha à frente deles, aproximou-se de Jesus para o beijar. 48 Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem? 49 Os que estavam ao redor dele, vendo o que ia suceder, perguntaram: Senhor, feriremos à espada? 50 Um deles feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha direita. 51 Mas Jesus acudiu, dizendo: Deixai, basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou. 52 Então, dirigindo-se Jesus aos principais sacerdotes, capitães do templo e anciãos que vieram prendê-lo, disse: Saístes com espadas e porretes como para deter um salteador? 53 Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes as mãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas.
Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Jo 18.15-18,25-27
54 Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote. Pedro seguia de longe. 55 E, quando acenderam fogo no meio do pátio e juntos se assentaram, Pedro tomou lugar entre eles. 56 Entrementes, uma criada, vendo-o assentado perto do fogo, fitando-o, disse: Este também estava com ele. 57 Mas Pedro negava, dizendo: Mulher, não o conheço. 58 Pouco depois, vendo-o outro, disse: Também tu és dos tais. Pedro, porém, protestava: Homem, não sou. 59 E, tendo passado cerca de uma hora, outro afirmava, dizendo: Também este, verdadeiramente, estava com ele, porque também é galileu. 60 Mas Pedro insistia: Homem, não compreendo o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo. 61 Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo. 62 Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente.
63 Os que detinham Jesus zombavam dele, davam-lhe pancadas e, 64 vendando-lhe os olhos, diziam: Profetiza-nos: quem é que te bateu? 65 E muitas outras coisas diziam contra ele, blasfemando.
Mt 26.57-68; Mc 14.53-65
66 Logo que amanheceu, reuniu-se a assembleia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziram ao Sinédrio, onde lhe disseram: 67 Se tu és o Cristo, dize-nos. Então, Jesus lhes respondeu: Se vo-lo disser, não o acreditareis; 68 também, se vos perguntar, de nenhum modo me respondereis. 69 Desde agora, estará sentado o Filho do Homem à direita do Todo-Poderoso Deus. 70 Então, disseram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? E ele lhes respondeu: Vós dizeis que eu sou. 71 Clamaram, pois: Que necessidade mais temos de testemunho? Porque nós mesmos o ouvimos da sua própria boca.
Mt 27.1-2,11-14; Mc 15.1-5; Jo 18.28-38
1 Levantando-se toda a assembleia, levaram Jesus a Pilatos. 2 E ali passaram a acusá-lo, dizendo: Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele o Cristo, o Rei. 3 Então, lhe perguntou Pilatos: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Tu o dizes. 4 Disse Pilatos aos principais sacerdotes e às multidões: Não vejo neste homem crime algum. 5 Insistiam, porém, cada vez mais, dizendo: Ele alvoroça o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui. 6 Tendo Pilatos ouvido isto, perguntou se aquele homem era galileu. 7 Ao saber que era da jurisdição de Herodes, estando este, naqueles dias, em Jerusalém, lho remeteu.
8 Herodes, vendo a Jesus, sobremaneira se alegrou, pois havia muito queria vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; esperava também vê-lo fazer algum sinal. 9 E de muitos modos o interrogava; Jesus, porém, nada lhe respondia. 10 Os principais sacerdotes e os escribas ali presentes o acusavam com grande veemência. 11 Mas Herodes, juntamente com os da sua guarda, tratou-o com desprezo, e, escarnecendo dele, fê-lo vestir-se de um manto aparatoso, e o devolveu a Pilatos. 12 Naquele mesmo dia, Herodes e Pilatos se reconciliaram, pois, antes, viviam inimizados um com o outro.
Mt 27.15-26; Mc 15.6-15; Jo 18.39—19.16
13 Então, reunindo Pilatos os principais sacerdotes, as autoridades e o povo, 14 disse-lhes: Apresentastes-me este homem como agitador do povo; mas, tendo-o interrogado na vossa presença, nada verifiquei contra ele dos crimes de que o acusais. 15 Nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar. É, pois, claro que nada contra ele se verificou digno de morte. 16 Portanto, após castigá-lo, soltá-lo-ei. 17 [E era-lhe forçoso soltar-lhes um detento por ocasião da festa.] 18 Toda a multidão, porém, gritava: Fora com este! Solta-nos Barrabás! 19 Barrabás estava no cárcere por causa de uma sedição na cidade e também por homicídio. 20 Desejando Pilatos soltar a Jesus, insistiu ainda. 21 Eles, porém, mais gritavam: Crucifica-o! Crucifica-o! 22 Então, pela terceira vez, lhes perguntou: Que mal fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte; portanto, depois de o castigar, soltá-lo-ei. 23 Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E o seu clamor prevaleceu. 24 Então, Pilatos decidiu atender-lhes o pedido. 25 Soltou aquele que estava encarcerado por causa da sedição e do homicídio, a quem eles pediam; e, quanto a Jesus, entregou-o à vontade deles.
Mt 27.32; Mc 15.21
26 E, como o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus.
27 Seguia-o numerosa multidão de povo, e também mulheres que batiam no peito e o lamentavam. 28 Porém Jesus, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos! 29 Porque dias virão em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, que não geraram, nem amamentaram. 30 Nesses dias, dirão aos montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri-nos! 31 Porque, se em lenho verde fazem isto, que será no lenho seco?
32 E também eram levados outros dois, que eram malfeitores, para serem executados com ele.
Jesus rumo ao Calvário
Mt 27.33-44; Mc 15.22-32; Jo 19.17-27
33 Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. 34 Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes. 35 O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido. 36 Igualmente os soldados o escarneciam e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo: 37 Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. 38 Também sobre ele estava esta epígrafe [em letras gregas, romanas e hebraicas]: Este é o Rei dos Judeus.
A crucificação
39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. 40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? 41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. 42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. 43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
Mt 27.45-56; Mc 15.33-41; Jo 19.28-30
44 Já era quase a hora sexta, e, escurecendo-se o sol, houve trevas sobre toda a terra até à hora nona. 45 E rasgou-se pelo meio o véu do santuário. 46 Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou. 47 Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Verdadeiramente, este homem era justo. 48 E todas as multidões reunidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, retiraram-se a lamentar, batendo nos peitos. 49 Entretanto, todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido desde a Galileia permaneceram a contemplar de longe estas coisas.
A morte de Jesus
Mt 27.57-61; Mc 15.42-47; Jo 19.38-42
50 E eis que certo homem, chamado José, membro do Sinédrio, homem bom e justo 51 (que não tinha concordado com o desígnio e ação dos outros), natural de Arimateia, cidade dos judeus, e que esperava o reino de Deus, 52 tendo procurado a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus, 53 e, tirando-o do madeiro, envolveu-o num lençol de linho, e o depositou num túmulo aberto em rocha, onde ainda ninguém havia sido sepultado. 54 Era o dia da preparação, e começava o sábado. 55 As mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. 56 Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos.
E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento.