Leitura Diária da Bíblia

8 de junho, dia 159: Jó, cap. 20 a 23

O perverso de coração jamais achará o bem; e o que tem a língua dobre vem a cair no mal. (Provérbios 17.20)

Salmo 126

Consolo para os que choram

Cântico de romagem

1 Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha.

2 Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles.

3 Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres.

4 Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe.

5 Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão.

6 Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.


The Bible Project Reading Plan

Parte IX

A Sabedoria de Israel

O Livro de Jó

Capítulo 20

Zofar descreve as calamidades dos perversos

1 Então, respondeu Zofar, o naamatita:

2 Visto que os meus pensamentos me impõem resposta,

eu me apresso.

3 Eu ouvi a repreensão, que me envergonha,

mas o meu espírito me obriga a responder segundo o meu entendimento.

4 Porventura, não sabes tu que desde todos os tempos,

desde que o homem foi posto sobre a terra,

5 o júbilo dos perversos é breve,

e a alegria dos ímpios, momentânea?

6 Ainda que a sua presunção remonte aos céus,

e a sua cabeça atinja as nuvens,

7 como o seu próprio esterco, apodrecerá para sempre;

e os que o conheceram dirão: Onde está?

8 Voará como um sonho e não será achado,

será afugentado como uma visão da noite.

9 Os olhos que o viram jamais o verão,

e o seu lugar não o verá outra vez.

10 Os seus filhos procurarão aplacar aos pobres,

e as suas mãos lhes restaurarão os seus bens.

11 Ainda que os seus ossos estejam cheios do vigor da sua juventude,

esse vigor se deitará com ele no pó.

12 Ainda que o mal lhe seja doce na boca,

e ele o esconda debaixo da língua,

13 e o saboreie, e o não deixe;

antes, o retenha no seu paladar,

14 contudo, a sua comida se transformará nas suas entranhas;

fel de áspides será no seu interior.

15 Engoliu riquezas, mas vomitá-las-á;

do seu ventre Deus as lançará.

16 Veneno de áspides sorveu;

língua de víbora o matará.

17 Não se deliciará com a vista dos ribeiros

e dos rios transbordantes de mel e de leite.

18 Devolverá o fruto do seu trabalho e não o engolirá;

do lucro de sua barganha não tirará prazer nenhum.

19 Oprimiu e desamparou os pobres,

roubou casas que não edificou.

20 Por não haver limites à sua cobiça,

não chegará a salvar as coisas por ele desejadas.

21 Nada escapou à sua cobiça insaciável,

pelo que a sua prosperidade não durará.

22 Na plenitude da sua abastança, ver-se-á angustiado;

toda a força da miséria virá sobre ele.

23 Para encher a sua barriga,

Deus mandará sobre ele o furor da sua ira,

que, por alimento, mandará chover sobre ele.

24 Se fugir das armas de ferro,

o arco de bronze o traspassará.

25 Ele arranca das suas costas a flecha,

e esta vem resplandecente do seu fel;

e haverá assombro sobre ele.

26 Todas as calamidades serão reservadas contra os seus tesouros;

fogo não assoprado o consumirá,

fogo que se apascentará do que ficar na sua tenda.

27 Os céus lhe manifestarão a sua iniquidade;

e a terra se levantará contra ele.

28 As riquezas de sua casa serão transportadas;

como água serão derramadas no dia da ira de Deus.

29 Tal é, da parte de Deus, a sorte do homem perverso,

tal a herança decretada por Deus.

Capítulo 21

Jó descreve a prosperidade dos perversos

1 Respondeu, porém, Jó:

2 Ouvi atentamente as minhas razões,

e já isso me será a vossa consolação.

3 Tolerai-me, e eu falarei;

e, havendo eu falado, podereis zombar.

4 Acaso, é do homem que eu me queixo?

Não tenho motivo de me impacientar?

5 Olhai para mim e pasmai;

e ponde a mão sobre a boca;

6 porque só de pensar nisso me perturbo,

e um calafrio se apodera de toda a minha carne.

7 Como é, pois, que vivem os perversos,

envelhecem e ainda se tornam mais poderosos?

8 Seus filhos se estabelecem na sua presença;

e os seus descendentes, ante seus olhos.

9 As suas casas têm paz, sem temor,

e a vara de Deus não os fustiga.

10 O seu touro gera e não falha,

suas novilhas têm a cria e não abortam.

11 Deixam correr suas crianças, como a um rebanho,

e seus filhos saltam de alegria;

12 cantam com tamboril e harpa

e alegram-se ao som da flauta.

13 Passam eles os seus dias em prosperidade

e em paz descem à sepultura.

14 E são estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós!

Não desejamos conhecer os teus caminhos.

15 Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos?

E que nos aproveitará que lhe façamos orações?

16 Vede, porém, que não provém deles a sua prosperidade;

longe de mim o conselho dos perversos!

17 Quantas vezes sucede que se apaga a lâmpada dos perversos?

Quantas vezes lhes sobrevém a destruição?

Quantas vezes Deus na sua ira lhes reparte dores?

18 Quantas vezes são como a palha diante do vento

e como a pragana arrebatada pelo remoinho?

19 Deus, dizeis vós, guarda a iniquidade do perverso para seus filhos.

Mas é a ele que deveria Deus dar o pago, para que o sinta.

20 Seus próprios olhos devem ver a sua ruína,

e ele, beber do furor do Todo-Poderoso.

21 Porque depois de morto, cortado já o número dos seus meses,

que interessa a ele a sua casa?

22 Acaso, alguém ensinará ciência a Deus,

a ele que julga os que estão nos céus?

23 Um morre em pleno vigor,

despreocupado e tranquilo,

24 com seus baldes cheios de leite

e fresca a medula dos seus ossos.

25 Outro, ao contrário, morre na amargura do seu coração,

não havendo provado do bem.

26 Juntamente jazem no pó,

onde os vermes os cobrem.

27 Vede que conheço os vossos pensamentos

e os injustos desígnios com que me tratais.

28 Porque direis: Onde está a casa do príncipe,

e onde, a tenda em que morava o perverso?

29 Porventura, não tendes interrogado os que viajam?

E não considerastes as suas declarações,

30 que o mau é poupado no dia da calamidade,

é socorrido no dia do furor?

31 Quem lhe lançará em rosto o seu proceder?

Quem lhe dará o pago do que faz?

32 Finalmente, é levado à sepultura,

e sobre o seu túmulo se faz vigilância.

33 Os torrões do vale lhe são leves,

todos os homens o seguem,

assim como não têm número os que foram adiante dele.

34 Como, pois, me consolais em vão?

Das vossas respostas só resta falsidade.

Capítulo 22

Elifaz acusa Jó de grandes pecados

1 Então, respondeu Elifaz, o temanita:

2 Porventura, será o homem de algum proveito a Deus?

Antes, o sábio é só útil a si mesmo.

3 Ou tem o Todo-Poderoso interesse em que sejas justo

ou algum lucro em que faças perfeitos os teus caminhos?

4 Ou te repreende pelo teu temor de Deus

ou entra contra ti em juízo?

5 Porventura, não é grande a tua malícia,

e sem termo, as tuas iniquidades?

6 Porque sem causa tomaste penhores a teu irmão

e aos seminus despojaste das suas roupas.

7 Não deste água a beber ao cansado

e ao faminto retiveste o pão.

8 Ao braço forte pertencia a terra,

e só os homens favorecidos habitavam nela.

9 As viúvas despediste de mãos vazias,

e os braços dos órfãos foram quebrados.

10 Por isso, estás cercado de laços,

e repentino pavor te conturba

11 ou trevas, em que nada vês;

e águas transbordantes te cobrem.

12 Porventura, não está Deus nas alturas do céu?

Olha para as estrelas mais altas. Que altura!

13 E dizes: Que sabe Deus?

Acaso, poderá ele julgar através de densa escuridão?

14 Grossas nuvens o encobrem,

de modo que não pode ver;

ele passeia pela abóbada do céu.

15 Queres seguir a rota antiga,

que os homens iníquos pisaram?

16 Estes foram arrebatados antes do tempo;

o seu fundamento, uma torrente o arrasta.

17 Diziam a Deus: Retira-te de nós.

E: Que pode fazer-nos o Todo-Poderoso?

18 Contudo, ele enchera de bens as suas casas.

Longe de mim o conselho dos perversos!

19 Os justos o veem e se alegram,

e o inocente escarnece deles,

20 dizendo: Na verdade, os nossos adversários foram destruídos,

e o fogo consumiu o resto deles.

21 Reconcilia-te, pois, com ele e tem paz,

e assim te sobrevirá o bem.

22 Aceita, peço-te, a instrução que profere

e põe as suas palavras no teu coração.

23 Se te converteres ao Todo-Poderoso, serás restabelecido;

se afastares a injustiça da tua tenda

24 e deitares ao pó o teu ouro

e o ouro de Ofir entre pedras dos ribeiros,

25 então, o Todo-Poderoso será o teu ouro

e a tua prata escolhida.

26 Deleitar-te-ás, pois, no Todo-Poderoso

e levantarás o rosto para Deus.

27 Orarás a ele, e ele te ouvirá;

e pagarás os teus votos.

28 Se projetas alguma coisa, ela te sairá bem,

e a luz brilhará em teus caminhos.

29 Se estes descem, então, dirás: Para cima!

E Deus salvará o humilde

30 e livrará até ao que não é inocente;

sim, será libertado, graças à pureza de tuas mãos.

Capítulo 23

Jó deseja se apresentar perante Deus

1 Respondeu, porém, Jó:

2 Ainda hoje a minha queixa é de um revoltado,

apesar de a minha mão reprimir o meu gemido.

3 Ah! Se eu soubesse onde o poderia achar!

Então, me chegaria ao seu tribunal.

4 Exporia ante ele a minha causa,

encheria a minha boca de argumentos.

5 Saberia as palavras que ele me respondesse

e entenderia o que me dissesse.

6 Acaso, segundo a grandeza de seu poder, contenderia comigo?

Não; antes, me atenderia.

7 Ali, o homem reto pleitearia com ele,

e eu me livraria para sempre do meu juiz.

8 Eis que, se me adianto, ali não está;

se torno para trás, não o percebo.

9 Se opera à esquerda, não o vejo;

esconde-se à direita, e não o diviso.

10 Mas ele sabe o meu caminho;

se ele me provasse, sairia eu como o ouro.

11 Os meus pés seguiram as suas pisadas;

guardei o seu caminho e não me desviei dele.

12 Do mandamento de seus lábios nunca me apartei,

escondi no meu íntimo as palavras da sua boca.

13 Mas, se ele resolveu alguma coisa,

quem o pode dissuadir?

O que ele deseja, isso fará.

14 Pois ele cumprirá o que está ordenado a meu respeito

e muitas coisas como estas ainda tem consigo.

15 Por isso, me perturbo perante ele;

e, quando o considero, temo-o.

16 Deus é quem me fez desmaiar o coração,

e o Todo-Poderoso, quem me perturbou,

17 porque não estou desfalecido por causa das trevas,

nem porque a escuridão cobre o meu rosto.


Leitura Extra

Jesus e o Reino de Deus

O Evangelho de Lucas

Capítulo 14

A cura de um hidrópico

1 Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam observando. 2 Ora, diante dele se achava um homem hidrópico. 3 Então, Jesus, dirigindo-se aos intérpretes da Lei e aos fariseus, perguntou-lhes: É ou não é lícito curar no sábado? 4 Eles, porém, nada disseram. E, tomando-o, o curou e o despediu. 5 A seguir, lhes perguntou: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? 6 A isto nada puderam responder.

Os primeiros lugares

7 Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola: 8 Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, 9 vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar. 10 Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas. 11 Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado. 12 Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado. 13 Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; 14 e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.

A parábola da grande ceia

15 Ora, ouvindo tais palavras, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus. 16 Ele, porém, respondeu: Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos. 17 À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. 18 Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. 19 Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por escusado. 20 E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir. 21 Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 22 Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar. 23 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. 24 Porque vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.

O serviço de Cristo exige abnegação

25 Grandes multidões o acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes disse: 26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. 28 Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? 29 Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, 30 dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. 31 Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 32 Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. 33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.

Os discípulos, sal da terra

Mt 5.13; Mc 9.50

34 O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor? 35 Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Capítulo 15

Jesus recebe pecadores

1 Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. 2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.

A parábola da ovelha perdida

Mt 18.10-14

3 Então, lhes propôs Jesus esta parábola: 4 Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5 Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. 6 E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. 7 Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

A parábola da dracma perdida

8 Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? 9 E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. 10 Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.

A parábola do filho pródigo

11 Continuou: Certo homem tinha dois filhos; 12 o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. 13 Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. 14 Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. 15 Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. 16 Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. 17 Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! 18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. 20 E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. 21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. 22 O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; 23 trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, 24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.

O retorno do filho pródigo

25 Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 26 Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. 27 E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. 28 Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. 29 Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; 30 vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. 31 Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. 32 Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.

O filho pródigo nos braços de seu pai

Capítulo 16

A parábola do administrador infiel

1 Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens. 2 Então, mandando-o chamar, lhe disse: Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, porque já não podes mais continuar nela. 3 Disse o administrador consigo mesmo: Que farei, pois o meu senhor me tira a administração? Trabalhar na terra não posso; também de mendigar tenho vergonha. 4 Eu sei o que farei, para que, quando for demitido da administração, me recebam em suas casas. 5 Tendo chamado cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu patrão? 6 Respondeu ele: Cem cados de azeite. Então, disse: Toma a tua conta, assenta-te depressa e escreve cinquenta. 7 Depois, perguntou a outro: Tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta. 8 E elogiou o senhor o administrador infiel porque se houvera atiladamente, porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz. 9 E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.

10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. 11 Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza? 12 Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso? 13 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Jesus reprova os fariseus

14 Os fariseus, que eram avarentos, ouviam tudo isto e o ridiculizavam. 15 Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.

16 A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele. 17 E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei.

Acerca do divórcio

Mt 19.9; Mc 10.10-12

18 Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.

O rico e o mendigo

19 Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. 20 Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; 21 e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. 22 Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. 23 No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. 24 Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. 25 Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. 26 E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós. 27 Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, 28 porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento. 29 Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. 30 Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. 31 Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.

Lázaro à porta do homem rico