Leitura Diária da Bíblia

6 de abril, dia 96: Samuel II, cap. 13 a 15

No temor do SENHOR, tem o homem forte amparo, e isso é refúgio para os seus filhos. (Provérbios 14.26)

O temor do SENHOR é fonte de vida para evitar os laços da morte. (Provérbios 14.27)

Salmo 83

Julgamento de Deus contra as nações inimigas

Cântico. Salmo de Asafe

1 Ó Deus, não te cales; não te emudeças, nem fiques inativo, ó Deus!

2 Os teus inimigos se alvoroçam, e os que te odeiam levantam a cabeça.

3 Tramam astutamente contra o teu povo e conspiram contra os teus protegidos.

4 Dizem: Vinde, risquemo-los de entre as nações; e não haja mais memória do nome de Israel.

5 Pois tramam concordemente e firmam aliança contra ti 6 as tendas de Edom e os ismaelitas, Moabe e os hagarenos,

7 Gebal, Amom e Amaleque, a Filístia como os habitantes de Tiro; 8 também a Assíria se alia com eles, e se constituem braço forte aos filhos de Ló.

9 Faze-lhes como fizeste a Midiã, como a Sísera, como a Jabim na ribeira de Quisom; 10 os quais pereceram em En-Dor; tornaram-se adubo para a terra.

11 Sejam os seus nobres como Orebe e como Zeebe, e os seus príncipes, como Zeba e como Zalmuna, 12 que disseram: Apoderemo-nos das habitações de Deus.

13 Deus meu, faze-os como folhas impelidas por um remoinho, como a palha ao léu do vento.

14 Como o fogo devora um bosque e a chama abrasa os montes, 15 assim, persegue-os com a tua tempestade e amedronta-os com o teu vendaval.

16 Enche-lhes o rosto de ignomínia, para que busquem o teu nome, SENHOR.

17 Sejam envergonhados e confundidos perpetuamente; perturbem-se e pereçam.

18 E reconhecerão que só tu, cujo nome é SENHOR, és o Altíssimo sobre toda a terra.


The Bible Project Reading Plan

Parte VII

Ascensão e Queda do Reino de Israel

O Segundo Livro de Samuel

Capítulo 13

O incesto de Amnom

1 Tinha Absalão, filho de Davi, uma formosa irmã, cujo nome era Tamar. Amnom, filho de Davi, se enamorou dela. 2 Angustiou-se Amnom por Tamar, sua irmã, a ponto de adoecer, pois, sendo ela virgem, parecia-lhe impossível fazer-lhe coisa alguma. 3 Tinha, porém, Amnom um amigo cujo nome era Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi; Jonadabe era homem mui sagaz. 4 E ele lhe disse: Por que tanto emagreces de dia para dia, ó filho do rei? Não mo dirás? Então, lhe disse Amnom: Amo Tamar, irmã de Absalão, meu irmão. 5 Disse-lhe Jonadabe: Deita-te na tua cama e finge-te doente; quando teu pai vier visitar-te, dize-lhe: Peço-te que minha irmã Tamar venha e me dê de comer pão, pois, vendo-a eu preparar-me a comida, comerei de sua mão. 6 Deitou-se, pois, Amnom e fingiu-se doente; vindo o rei visitá-lo, Amnom lhe disse: Peço-te que minha irmã Tamar venha e prepare dois bolos à minha presença, para que eu coma de sua mão.

7 Então, Davi mandou dizer a Tamar em sua casa: Vai à casa de Amnom, teu irmão, e faze-lhe comida. 8 Foi Tamar à casa de Amnom, seu irmão, e ele estava deitado. Tomou ela a massa e a amassou, fez bolos diante dele e os cozeu. 9 Tomou a assadeira e virou os bolos diante dele; porém ele recusou comer. Disse Amnom: Fazei retirar a todos da minha presença. E todos se retiraram. 10 Então, disse Amnom a Tamar: Traze a comida à câmara, e comerei da tua mão. Tomou Tamar os bolos que fizera e os levou a Amnom, seu irmão, à câmara. 11 Quando lhos oferecia para que comesse, pegou-a e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, minha irmã. 12 Porém ela lhe disse: Não, meu irmão, não me forces, porque não se faz assim em Israel; não faças tal loucura. 13 Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um dos loucos de Israel. Agora, pois, peço-te que fales ao rei, porque não me negará a ti. 14 Porém ele não quis dar ouvidos ao que ela lhe dizia; antes, sendo mais forte do que ela, forçou-a e se deitou com ela.

15 Depois, Amnom sentiu por ela grande aversão, e maior era a aversão que sentiu por ela que o amor que ele lhe votara. Disse-lhe Amnom: Levanta-te, vai-te embora. 16 Então, ela lhe disse: Não, meu irmão; porque maior é esta injúria, lançando-me fora, do que a outra que me fizeste. Porém ele não a quis ouvir. 17 Chamou a seu moço, que o servia, e disse: Deita fora esta e fecha a porta após ela. 18 Trazia ela uma túnica talar de mangas compridas, porque assim se vestiam as donzelas filhas do rei. Mesmo assim o servo a deitou fora e fechou a porta após ela. 19 Então, Tamar tomou cinza sobre a cabeça, rasgou a túnica talar de mangas compridas que trazia, pôs as mãos sobre a cabeça e se foi andando e clamando. 20 Absalão, seu irmão, lhe disse: Esteve Amnom, teu irmão, contigo? Ora, pois, minha irmã, cala-te; é teu irmão. Não se angustie o teu coração por isso. Assim ficou Tamar e esteve desolada em casa de Absalão, seu irmão. 21 Ouvindo o rei Davi todas estas coisas, muito se lhe acendeu a ira. 22 Porém Absalão não falou com Amnom nem mal nem bem; porque odiava a Amnom, por ter este forçado a Tamar, sua irmã.

Absalão mata Amnom

23 Passados dois anos, Absalão tosquiava em Baal-Hazor, que está junto a Efraim, e convidou Absalão todos os filhos do rei. 24 Foi ter Absalão com o rei e disse: Eis que teu servo faz a tosquia; peço que com o teu servo venham o rei e os seus servidores. 25 O rei, porém, disse a Absalão: Não, filho meu, não vamos todos juntos, para não te sermos pesados. Instou com ele Absalão, porém ele não quis ir; contudo, o abençoou. 26 Então, disse Absalão: Se não queres ir, pelo menos deixa ir conosco Amnom, meu irmão. Porém o rei lhe disse: Para que iria ele contigo? 27 Insistindo Absalão com ele, deixou ir com ele Amnom e todos os filhos do rei. 28 Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Tomai sentido; quando o coração de Amnom estiver alegre de vinho, e eu vos disser: Feri a Amnom, então, o matareis. Não temais, pois não sou eu quem vo-lo ordena? Sede fortes e valentes. 29 E os moços de Absalão fizeram a Amnom como Absalão lhes havia ordenado. Então, todos os filhos do rei se levantaram, cada um montou seu mulo, e fugiram.

30 Iam eles ainda de caminho, quando chegou a notícia a Davi: Absalão feriu todos os filhos do rei, e nenhum deles ficou. 31 Então, o rei se levantou, rasgou as suas vestes e se lançou por terra; e todos os seus servos que estavam presentes rasgaram também as suas vestes. 32 Mas Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi, respondeu e disse: Não pense o meu senhor que mataram a todos os jovens, filhos do rei, porque só morreu Amnom; pois assim já o revelavam as feições de Absalão, desde o dia em que sua irmã Tamar foi forçada por Amnom. 33 Não meta, pois, agora, na cabeça o rei, meu senhor, tal coisa, supondo que morreram todos os filhos do rei; porque só morreu Amnom. 34 Absalão fugiu. O moço que estava de guarda, levantando os olhos, viu que vinha muito povo pelo caminho por detrás dele, pelo lado do monte. 35 Então, disse Jonadabe ao rei: Eis aí vêm os filhos do rei; segundo a palavra de teu servo, assim sucedeu. 36 Mal acabara de falar, chegavam os filhos do rei e, levantando a voz, choraram; também o rei e todos os seus servos choraram amargamente.

Absalão foge para Talmai

37 Absalão, porém, fugiu e se foi a Talmai, filho de Amiúde, rei de Gesur. E Davi pranteava a seu filho todos os dias. 38 Assim, Absalão fugiu, indo para Gesur, onde esteve três anos. 39 Então, o rei Davi cessou de perseguir a Absalão, porque já se tinha consolado acerca de Amnom, que era morto.

Capítulo 14

Absalão volta para Jerusalém

1 Percebendo, pois, Joabe, filho de Zeruia, que o coração do rei começava a inclinar-se para Absalão, 2 mandou trazer de Tecoa uma mulher sábia e lhe disse: Finge que estás profundamente triste, põe vestidos de luto, não te unjas com óleo e sê como mulher que há já muitos dias está de luto por algum morto. 3 Apresenta-te ao rei e fala-lhe tais e tais palavras. E Joabe lhe pôs as palavras na boca. 4 A mulher tecoíta apresentou-se ao rei, e, inclinando-se, prostrou-se com o rosto em terra, e disse: Salva-me, ó rei! 5 Perguntou-lhe o rei: Que tens? Ela respondeu: Ah! Sou mulher viúva; morreu meu marido. 6 Tinha a tua serva dois filhos, os quais brigaram entre si no campo, e não houve quem os apartasse; um feriu ao outro e o matou. 7 Eis que toda a parentela se levantou contra a tua serva, e disseram: Dá-nos aquele que feriu a seu irmão, para que o matemos, em vingança da vida de quem ele matou e para que destruamos também o herdeiro. Assim, apagarão a última brasa que me ficou, de sorte que não deixam a meu marido nome, nem sobrevivente na terra.

8 Disse o rei à mulher: Vai para tua casa, e eu darei ordens a teu respeito. 9 Disse a mulher tecoíta ao rei: A culpa, ó rei, meu senhor, caia sobre mim e sobre a casa de meu pai; o rei, porém, e o seu trono sejam inocentes. 10 Disse o rei: Quem falar contra ti, traze-mo a mim; e nunca mais te tocará. 11 Disse ela: Ora, lembra-te, ó rei, do SENHOR, teu Deus, para que os vingadores do sangue não se multipliquem a matar e exterminem meu filho. Respondeu ele: Tão certo como vive o SENHOR, não há de cair no chão nem um só dos cabelos de teu filho.

12 Então, disse a mulher: Permite que a tua serva fale uma palavra contigo, ó rei, meu senhor. Disse ele: Fala. 13 Prosseguiu a mulher: Por que pensas tu doutro modo contra o povo de Deus? Pois, em pronunciando o rei esse juízo, condena-se a si mesmo, visto que não quer fazer voltar o seu desterrado. 14 Porque temos de morrer e somos como águas derramadas na terra que já não se podem juntar; pois Deus não tira a vida, mas cogita meios para que o banido não permaneça arrojado de sua presença. 15 Se vim, agora, falar esta palavra ao rei, meu senhor, é porque o povo me atemorizou; pois dizia a tua serva: Falarei ao rei; porventura, ele fará segundo a palavra da sua serva. 16 Porque o rei atenderá, para livrar a sua serva da mão do homem que intenta destruir tanto a mim como a meu filho da herança de Deus. 17 Dizia mais a tua serva: Seja, agora, a palavra do rei, meu senhor, para a minha tranquilidade; porque, como um anjo de Deus, assim é o rei, meu senhor, para discernir entre o bem e o mal. O SENHOR, teu Deus, será contigo. 18 Então, respondeu o rei e disse à mulher: Peço-te que não me encubras o que eu te perguntar. Respondeu a mulher: Pois fale o rei, meu senhor. 19 Disse o rei: Não é certo que a mão de Joabe anda contigo em tudo isto? Respondeu ela: Tão certo como vive a tua alma, ó rei, meu senhor, ninguém se poderá desviar, nem para a direita nem para a esquerda, de tudo quanto o rei, meu senhor, tem dito; porque Joabe, teu servo, é quem me deu ordem e foi ele quem ditou à tua serva todas estas palavras. 20 Para mudar o aspecto deste caso foi que o teu servo Joabe fez isto. Porém sábio é meu senhor, segundo a sabedoria de um anjo de Deus, para entender tudo o que se passa na terra.

21 Então, o rei disse a Joabe: Atendi ao teu pedido; vai, pois, e traze o jovem Absalão. 22 Inclinando-se Joabe, prostrou-se em terra, abençoou o rei e disse: Hoje, reconheço que achei mercê diante de ti, ó rei, meu senhor; porque o rei fez segundo a palavra do seu servo. 23 Levantou-se Joabe, foi a Gesur e trouxe Absalão a Jerusalém. 24 Disse o rei: Torne para a sua casa e não veja a minha face. Tornou, pois, Absalão para sua casa e não viu a face do rei.

A beleza de Absalão

25 Não havia, porém, em todo o Israel homem tão celebrado por sua beleza como Absalão; da planta do pé ao alto da cabeça, não havia nele defeito algum. 26 Quando cortava o cabelo (e isto se fazia no fim de cada ano, porquanto muito lhe pesava), seu peso era de duzentos siclos, segundo o peso real. 27 Também nasceram a Absalão três filhos e uma filha, cujo nome era Tamar; esta era mulher formosa à vista.

Absalão admitido à presença de Davi

28 Tendo ficado Absalão dois anos em Jerusalém e sem ver a face do rei, 29 mandou ele chamar a Joabe, para o enviar ao rei; porém ele não quis vir. Mandou chamá-lo segunda vez, mas ainda não quis ele vir. 30 Então, disse aos seus servos: Vede ali o pedaço de campo de Joabe pegado ao meu, e tem cevada nele; ide e metei-lhe fogo. E os servos de Absalão meteram fogo nesse pedaço de campo. 31 Então, Joabe se levantou, e foi à casa de Absalão, e lhe disse: Por que meteram fogo os teus servos no pedaço de campo que é meu? 32 Respondeu Absalão a Joabe: Mandei chamar-te, dizendo: Vem cá, para que te envie ao rei, a dizer-lhe: Para que vim de Gesur? Melhor me fora estar ainda lá. Agora, pois, quero ver a face do rei; se há em mim alguma culpa, que me mate. 33 Então, Joabe foi ao rei e lho disse. Chamou o rei a Absalão, e este se lhe apresentou e inclinou-se sobre o rosto em terra, diante do rei. O rei beijou a Absalão.

Capítulo 15

A revolta de Absalão e a fuga de Davi

1 Depois disto, Absalão fez aparelhar para si um carro e cavalos e cinquenta homens que corressem adiante dele. 2 Levantando-se Absalão pela manhã, parava à entrada da porta; e a todo homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si e lhe dizia: De que cidade és tu? Ele respondia: De tal tribo de Israel é teu servo. 3 Então, Absalão lhe dizia: Olha, a tua causa é boa e reta, porém não tens quem te ouça da parte do rei. 4 Dizia mais Absalão: Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça! 5 Também, quando alguém se chegava para inclinar-se diante dele, ele estendia a mão, pegava-o e o beijava. 6 Desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo e, assim, ele furtava o coração dos homens de Israel.

7 Ao cabo de quatro anos, disse Absalão ao rei: Deixa-me ir a Hebrom cumprir o voto que fiz ao SENHOR. 8 Porque, morando em Gesur, na Síria, fez o teu servo um voto, dizendo: Se o SENHOR me fizer tornar a Jerusalém, prestarei culto ao SENHOR. 9 Então, lhe disse o rei: Vai-te em paz. Levantou-se, pois, e foi para Hebrom. 10 Enviou Absalão emissários secretos por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão é rei em Hebrom! 11 De Jerusalém foram com Absalão duzentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquele negócio. 12 Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, da sua cidade de Gilo; enquanto ele oferecia os seus sacrifícios, tornou-se poderosa a conspirata, e crescia em número o povo que tomava o partido de Absalão.

13 Então, veio um mensageiro a Davi, dizendo: Todo o povo de Israel segue decididamente a Absalão. 14 Disse, pois, Davi a todos os seus homens que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não poderemos salvar-nos de Absalão. Dai-vos pressa a sair, para que não nos alcance de súbito, lance sobre nós algum mal e fira a cidade a fio de espada. 15 Então, os homens do rei lhe disseram: Eis aqui os teus servos, para tudo quanto determinar o rei, nosso senhor. 16 Saiu o rei, e todos os de sua casa o seguiram; deixou, porém, o rei dez concubinas, para cuidarem da casa. 17 Tendo, pois, saído o rei com todo o povo após ele, pararam na última casa. 18 Todos os seus homens passaram ao pé dele; também toda a guarda real e todos os geteus, seiscentos homens que o seguiram de Gate, passaram adiante do rei.

A lealdade de Itai

19 Disse, pois, o rei a Itai, o geteu: Por que irias também tu conosco? Volta e fica-te com quem vier a ser o rei, porque és estrangeiro e desterrado de tua pátria. 20 Chegaste ontem, e já te levaria eu, hoje, conosco a vaguear, quando eu mesmo não sei para onde vou? Volta, pois, e faze voltar a teus irmãos contigo. E contigo sejam misericórdia e fidelidade. 21 Respondeu, porém, Itai ao rei: Tão certo como vive o SENHOR, e como vive o rei, meu senhor, no lugar em que estiver o rei, meu senhor, seja para morte seja para vida, lá estará também o teu servo. 22 Então, disse Davi a Itai: Vai e passa adiante. Assim, passou Itai, o geteu, e todos os seus homens, e todas as crianças que estavam com ele. 23 Toda a terra chorava em alta voz; e todo o povo e também o rei passaram o ribeiro de Cedrom, seguindo o caminho do deserto.

Zadoque, Abiatar e Husai voltam para Jerusalém

24 Eis que Abiatar subiu, e também Zadoque, e com este todos os levitas que levavam a arca da Aliança de Deus; puseram ali a arca de Deus, até que todo o povo acabou de sair da cidade. 25 Então, disse o rei a Zadoque: Torna a levar a arca de Deus à cidade. Se achar eu graça aos olhos do SENHOR, ele me fará voltar para lá e me deixará ver assim a arca como a sua habitação. 26 Se ele, porém, disser: Não tenho prazer em ti, eis-me aqui; faça de mim como melhor lhe parecer. 27 Disse mais o rei a Zadoque, o sacerdote: Ó vidente, tu e Abiatar, voltai em paz para a cidade, e convosco também vossos dois filhos, Aimaás, teu filho, e Jônatas, filho de Abiatar. 28 Olhai que me demorarei nos vaus do deserto até que me venham informações vossas. 29 Zadoque, pois, e Abiatar levaram a arca de Deus para Jerusalém e lá ficaram.

30 Seguiu Davi pela encosta das Oliveiras, subindo e chorando; tinha a cabeça coberta e caminhava descalço; todo o povo que ia com ele, de cabeça coberta, subiu chorando. 31 Então, fizeram saber a Davi, dizendo: Aitofel está entre os que conspiram com Absalão. Pelo que disse Davi: Ó SENHOR, peço-te que transtornes em loucura o conselho de Aitofel. 32 Ao chegar Davi ao cimo, onde se costuma adorar a Deus, eis que Husai, o arquita, veio encontrar-se com ele, de manto rasgado e terra sobre a cabeça. 33 Disse-lhe Davi: Se fores comigo, ser-me-ás pesado. 34 Porém, se voltares para a cidade e disseres a Absalão: Eu serei, ó rei, teu servo, como fui, dantes, servo de teu pai, assim, agora, serei teu servo, dissipar-me-ás, então, o conselho de Aitofel. 35 Tens lá contigo Zadoque e Abiatar, sacerdotes. Todas as coisas, pois, que ouvires da casa do rei farás saber a esses sacerdotes. 36 Lá estão com eles seus dois filhos, Aimaás, filho de Zadoque, e Jônatas, filho de Abiatar; por meio deles, me mandareis notícias de todas as coisas que ouvirdes. 37 Husai, pois, amigo de Davi, veio para a cidade, e Absalão entrou em Jerusalém.


Leitura Extra

O Povo do Reino de Deus

Segunda Epístola a Timóteo

Introdução

A Segunda Epístola de Paulo a Timóteo trata principalmente das responsabilidades e dos deveres de Timóteo. O apóstolo sente que a sua vida está chegando ao fim; por isso, com carinho e dedicação, ele dá conselhos a Timóteo, seu amigo e companheiro de trabalho, para que seja forte na fé e continue sendo um fiel soldado de Jesus Cristo. Ainda mais: que seja zeloso no cumprimento dos seus deveres de dirigente da Igreja e cumpra com fidelidade o seu ministério (4.5). O apóstolo fala sobre a sua própria maneira de viver, a sua fé, o seu amor e a sua firmeza, que devem ser imitados pelo seu jovem companheiro de trabalho (3.10-11). Cheio de coragem e confiança, o apóstolo resume a sua vida e a sua esperança de servo de Deus, afirmando o seguinte: "Combati o bom combate, completei a carreira, e guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia" (4.7-8).

Esquema do conteúdo

Prefácio e saudação (1.1-5)

1. Exortação a permanecer fiel e guardar a fé (1.6-18)

2. Um bom soldado de Jesus Cristo (2.1-13)

3. Um obreiro aprovado (2.14-26)

4. Caráter dos homens nos últimos dias (3.1-17)

5. Pregação da palavra (4.1-8)

6. Instruções pessoais (4.9-18)

Saudações e bênção (4.19-22)

Capítulo 1

Prefácio e saudação

1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus, 2 ao amado filho Timóteo, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.

Ação de graças

3 Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia. 4 Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria 5 pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti.

A prática do zelo, da firmeza e da fidelidade

6 Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. 7 Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. 8 Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, 9 que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, 10 e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, 11 para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre 12 e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia. 13 Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. 14 Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós.

A situação do apóstolo preso e o procedimento de alguns de seus colaboradores

15 Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Fígelo e Hermógenes. 16 Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque, muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas; 17 antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. 18 O Senhor lhe conceda, naquele Dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso.

Capítulo 2

Os estímulos no combate da fé e no sofrimento por Cristo

1 Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. 2 E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. 3 Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. 4 Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. 5 Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. 6 O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos. 7 Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas.

8 Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho; 9 pelo qual estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada. 10 Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória. 11 Fiel é esta palavra:

Se já morremos com ele, também viveremos com ele;

12 se perseveramos, também com ele reinaremos;

se o negamos, ele, por sua vez, nos negará;

13 se somos infiéis, ele permanece fiel,

pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.

Como corrigir as falsas doutrinas e os falsos crentes

14 Recomenda estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes. 15 Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. 16 Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior. 17 Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. 18 Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns. 19 Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo:

O Senhor conhece os que lhe pertencem.

E mais:

Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.

20 Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. 21 Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. 22 Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor. 23 E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas. 24 Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, 25 disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, 26 mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.

Capítulo 3

Os males e as corrupções dos últimos dias

1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, 2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, 3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, 4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, 5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. 6 Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, 7 que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. 8 E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; 9 eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles.

Paulo elogia Timóteo por sua firmeza e o exorta a permanecer leal à verdade

10 Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, 11 as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, — que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. 12 Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. 13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.

A inspiração, valor e utilidade das Santas Escrituras

14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

Capítulo 4

A fidelidade e o zelo na pregação

1 Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: 2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. 3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; 4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. 5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.

O apóstolo prevê o seu martírio

6 Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. 7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

O apóstolo abandonado pelos homens, mas não por Deus

9 Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. 11 Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. 12 Quanto a Tíquico, mandei-o até Éfeso. 13 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos. 14 Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras. 15 Tu, guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras. 16 Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! 17 Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. 18 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!

As saudações finais e a bênção

19 Saúda Prisca, e Áquila, e a casa de Onesíforo. 20 Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto. 21 Apressa-te a vir antes do inverno. Êubulo te envia saudações; o mesmo fazem Prudente, Lino, Cláudia e os irmãos todos.

22 O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.