22 de março, dia 81: O Livro de Rute
Não havendo bois, o celeiro fica limpo, mas pela força do boi há abundância de colheitas. (Provérbios 14.4)
Ao mestre de canto. Salmo de Davi. Cântico
1 Levanta-se Deus; dispersam-se os seus inimigos; de sua presença fogem os que o aborrecem.
2 Como se dissipa a fumaça, assim tu os dispersas; como se derrete a cera ante o fogo, assim à presença de Deus perecem os iníquos.
3 Os justos, porém, se regozijam, exultam na presença de Deus e folgam de alegria.
4 Cantai a Deus, salmodiai o seu nome; exaltai o que cavalga sobre as nuvens. SENHOR é o seu nome, exultai diante dele.
5 Pai dos órfãos e juiz das viúvas é Deus em sua santa morada.
6 Deus faz que o solitário more em família; tira os cativos para a prosperidade; só os rebeldes habitam em terra estéril.
7 Ao saíres, ó Deus, à frente do teu povo, ao avançares pelo deserto, 8 tremeu a terra; também os céus gotejaram à presença de Deus; o próprio Sinai se abalou na presença de Deus, do Deus de Israel.
9 Copiosa chuva derramaste, ó Deus, para a tua herança; quando já ela estava exausta, tu a restabeleceste.
10 Aí habitou a tua grei; em tua bondade, ó Deus, fizeste provisão para os necessitados.
11 O Senhor deu a palavra, grande é a falange das mensageiras das boas-novas.
12 Reis de exércitos fogem e fogem; a dona de casa reparte os despojos.
13 Por que repousais entre as cercas dos apriscos? As asas da pomba são cobertas de prata, cujas penas maiores têm o brilho flavo do ouro.
14 Quando o Todo-Poderoso ali dispersa os reis, cai neve sobre o monte Zalmom.
15 O monte de Deus é Basã, serra de elevações é o monte de Basã.
16 Por que olhais com inveja, ó montes elevados, o monte que Deus escolheu para sua habitação? O SENHOR habitará nele para sempre.
17 Os carros de Deus são vinte mil, sim, milhares de milhares. No meio deles, está o Senhor; o Sinai tornou-se em santuário.
18 Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes, para que o SENHOR Deus habite no meio deles.
19 Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação.
20 O nosso Deus é o Deus libertador; com Deus, o SENHOR, está o escaparmos da morte.
21 Sim, Deus parte a cabeça dos seus inimigos e o cabeludo crânio do que anda nos seus próprios delitos.
22 Disse o Senhor: De Basã os farei voltar, fá-los-ei tornar das profundezas do mar, 23 para que banhes o pé em sangue, e a língua dos teus cães tenha o seu quinhão dos inimigos.
24 Viu-se, ó Deus, o teu cortejo, o cortejo do meu Deus, do meu Rei, no santuário.
25 Os cantores iam adiante, atrás, os tocadores de instrumentos de cordas, em meio às donzelas com adufes.
26 Bendizei a Deus nas congregações, bendizei ao SENHOR, vós que sois da estirpe de Israel.
27 Ali, está o mais novo, Benjamim, que os precede, os príncipes de Judá, com o seu séquito, os príncipes de Zebulom e os príncipes de Naftali.
28 Reúne, ó Deus, a tua força, força divina que usaste a nosso favor, 29 oriunda do teu templo em Jerusalém. Os reis te oferecerão presentes.
30 Reprime a fera dos canaviais, a multidão dos fortes como touros e dos povos com novilhos; calcai aos pés os que cobiçam barras de prata. Dispersa os povos que se comprazem na guerra.
31 Príncipes vêm do Egito; a Etiópia corre a estender mãos cheias para Deus.
32 Reinos da terra, cantai a Deus, salmodiai ao Senhor, 33 àquele que encima os céus, os céus da antiguidade; eis que ele faz ouvir a sua voz, voz poderosa.
34 Tributai glória a Deus; a sua majestade está sobre Israel, e a sua fortaleza, nos espaços siderais.
35 Ó Deus, tu és tremendo nos teus santuários; o Deus de Israel, ele dá força e poder ao povo. Bendito seja Deus!
Parte VII
Ascensão e Queda do Reino de Israel
A história de Rute passa-se no tempo em que o povo de Israel era governado por juizes. Rute, uma jovem do país de Moabe, casa com um israelita. Este morre, e então Rute se apega à sua sogra, demonstrando profunda devoção ao Deus de Israel. Noemi e Rute vão morar em Belém e, depois de algum tempo, Rute casa de novo, agora com um parente do seu primeiro marido. E foi por causa desse segundo casamento que Rute veio a ser bisavó de Davi, o maior rei de Israel.
As histórias dos juizes mostram as desgraças que vieram quando o povo de Deus se afastou dele. Este livro conta as bênçãos que recebe uma estrangeira quando se volta para o Deus de Israel e assim passa a fazer parte do seu povo.
1. A família de Elimeleque em Moabe (1.1-5)
2. Noemi e Rute vão para Belém (1.6-22)
3. Rute no campo de Boaz (2.1-23)
4. Boaz compromete-se com Rute (3.1-18)
5. Boaz recebe Rute como a sua esposa (4.1-17)
6. Os antepassados do rei Davi (4.18-22)
1 Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos. 2 Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; vieram à terra de Moabe e ficaram ali. 3 Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos, 4 os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. 5 Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido.
6 Então, se dispôs ela com as suas noras e voltou da terra de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o SENHOR se lembrara do seu povo, dando-lhe pão. 7 Saiu, pois, ela com suas duas noras do lugar onde estivera; e, indo elas caminhando, de volta para a terra de Judá, 8 disse-lhes Noemi: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o SENHOR use convosco de benevolência, como vós usastes com os que morreram e comigo. 9 O SENHOR vos dê que sejais felizes, cada uma em casa de seu marido. E beijou-as. Elas, porém, choraram em alta voz 10 e lhe disseram: Não! Iremos contigo ao teu povo. 11 Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas! Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no ventre filhos, para que vos sejam por maridos? 12 Tornai, filhas minhas! Ide-vos embora, porque sou velha demais para ter marido. Ainda quando eu dissesse: tenho esperança ou ainda que esta noite tivesse marido e houvesse filhos, 13 esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Abster-vos-íeis de tomardes marido? Não, filhas minhas! Porque, por vossa causa, a mim me amarga o ter o SENHOR descarregado contra mim a sua mão. 14 Então, de novo, choraram em voz alta; Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra, porém Rute se apegou a ela.
15 Disse Noemi: Eis que tua cunhada voltou ao seu povo e aos seus deuses; também tu, volta após a tua cunhada. 16 Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. 17 Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. 18 Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida a acompanhá-la, deixou de insistir com ela.
Orfa, Rute e Naomi
19 Então, ambas se foram, até que chegaram a Belém; sucedeu que, ao chegarem ali, toda a cidade se comoveu por causa delas, e as mulheres diziam: Não é esta Noemi? 20 Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. 21 Ditosa eu parti, porém o SENHOR me fez voltar pobre; por que, pois, me chamareis Noemi, visto que o SENHOR se manifestou contra mim e o Todo-Poderoso me tem afligido? 22 Assim, voltou Noemi da terra de Moabe, com Rute, sua nora, a moabita; e chegaram a Belém no princípio da sega da cevada.
1 Tinha Noemi um parente de seu marido, senhor de muitos bens, da família de Elimeleque, o qual se chamava Boaz. 2 Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele que mo favorecer. Ela lhe disse: Vai, minha filha! 3 Ela se foi, chegou ao campo e apanhava após os segadores; por casualidade entrou na parte que pertencia a Boaz, o qual era da família de Elimeleque. 4 Eis que Boaz veio de Belém e disse aos segadores: O SENHOR seja convosco! Responderam-lhe eles: O SENHOR te abençoe! 5 Depois, perguntou Boaz ao servo encarregado dos segadores: De quem é esta moça? 6 Respondeu-lhe o servo: Esta é a moça moabita que veio com Noemi da terra de Moabe. 7 Disse-me ela: Deixa-me rebuscar espigas e ajuntá-las entre as gavelas após os segadores. Assim, ela veio; desde pela manhã até agora está aqui, menos um pouco que esteve na choça.
8 Então, disse Boaz a Rute: Ouve, filha minha, não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui ficarás com as minhas servas. 9 Estarás atenta ao campo que segarem e irás após elas. Não dei ordem aos servos, que te não toquem? Quando tiveres sede, vai às vasilhas e bebe do que os servos tiraram. 10 Então, ela, inclinando-se, rosto em terra, lhe disse: Como é que me favoreces e fazes caso de mim, sendo eu estrangeira? 11 Respondeu Boaz e lhe disse: Bem me contaram tudo quanto fizeste a tua sogra, depois da morte de teu marido, e como deixaste a teu pai, e a tua mãe, e a terra onde nasceste e vieste para um povo que dantes não conhecias. 12 O SENHOR retribua o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do SENHOR, Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio. 13 Disse ela: Tu me favoreces muito, senhor meu, pois me consolaste e falaste ao coração de tua serva, não sendo eu nem ainda como uma das tuas servas. 14 À hora de comer, Boaz lhe disse: Achega-te para aqui, e come do pão, e molha no vinho o teu bocado. Ela se assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu grãos tostados de cereais; ela comeu e se fartou, e ainda lhe sobejou. 15 Levantando-se ela para rebuscar, Boaz deu ordem aos seus servos, dizendo: Até entre as gavelas deixai-a colher e não a censureis. 16 Tirai também dos molhos algumas espigas, e deixai-as, para que as apanhe, e não a repreendais.
Boaz e Rute
17 Esteve ela apanhando naquele campo até à tarde; debulhou o que apanhara, e foi quase um efa de cevada. 18 Tomou-o e veio à cidade; e viu sua sogra o que havia apanhado; também o que lhe sobejara depois de fartar-se tirou e deu a sua sogra. 19 Então, lhe disse a sogra: Onde colheste hoje? Onde trabalhaste? Bendito seja aquele que te acolheu favoravelmente! E Rute contou a sua sogra onde havia trabalhado e disse: O nome do senhor, em cujo campo trabalhei, é Boaz. 20 Então, Noemi disse a sua nora: Bendito seja ele do SENHOR, que ainda não tem deixado a sua benevolência nem para com os vivos nem para com os mortos. Disse-lhe mais Noemi: Esse homem é nosso parente chegado e um dentre os nossos resgatadores. 21 Continuou Rute, a moabita: Também ainda me disse: Com os meus servos ficarás, até que acabem toda a sega que tenho. 22 Disse Noemi a sua nora, Rute: Bom será, filha minha, que saias com as servas dele, para que, noutro campo, não te molestem. 23 Assim, passou ela à companhia das servas de Boaz, para colher, até que a sega da cevada e do trigo se acabou; e ficou com a sua sogra.
1 Disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de eu buscar-te um lar, para que sejas feliz? 2 Ora, pois, não é Boaz, na companhia de cujas servas estiveste, um dos nossos parentes? Eis que esta noite alimpará a cevada na eira. 3 Banha-te, e unge-te, e põe os teus melhores vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber. 4 Quando ele repousar, notarás o lugar em que se deita; então, chegarás, e lhe descobrirás os pés, e te deitarás; ele te dirá o que deves fazer. 5 Respondeu-lhe Rute: Tudo quanto me disseres farei.
6 Então, foi para a eira e fez conforme tudo quanto sua sogra lhe havia ordenado. 7 Havendo, pois, Boaz comido e bebido e estando já de coração um tanto alegre, veio deitar-se ao pé de um monte de cereais; então, chegou ela de mansinho, e lhe descobriu os pés, e se deitou. 8 Sucedeu que, pela meia-noite, assustando-se o homem, sentou-se; e eis que uma mulher estava deitada a seus pés. 9 Disse ele: Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador. 10 Disse ele: Bendita sejas tu do SENHOR, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira, pois não foste após jovens, quer pobres, quer ricos. 11 Agora, pois, minha filha, não tenhas receio; tudo quanto disseste eu te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa. 12 Ora, é muito verdade que eu sou resgatador; mas ainda outro resgatador há mais chegado do que eu. 13 Fica-te aqui esta noite, e será que, pela manhã, se ele te quiser resgatar, bem está, que te resgate; porém, se não lhe apraz resgatar-te, eu o farei, tão certo como vive o SENHOR; deita-te aqui até à manhã.
14 Ficou-se, pois, deitada a seus pés até pela manhã e levantou-se antes que pudessem conhecer um ao outro; porque ele disse: Não se saiba que veio mulher à eira. 15 Disse mais: Dá-me o manto que tens sobre ti e segura-o. Ela o segurou, ele o encheu com seis medidas de cevada e lho pôs às costas; então, entrou ela na cidade. 16 Em chegando à casa de sua sogra, esta lhe disse: Como se te passaram as coisas, filha minha? Ela lhe contou tudo quanto aquele homem lhe fizera. 17 E disse ainda: Estas seis medidas de cevada, ele mas deu e me disse: Não voltes para a tua sogra sem nada. 18 Então, lhe disse Noemi: Espera, minha filha, até que saibas em que darão as coisas, porque aquele homem não descansará, enquanto não se resolver este caso ainda hoje.
1 Boaz subiu à porta da cidade e assentou-se ali. Eis que o resgatador de que Boaz havia falado ia passando; então, lhe disse: Ó fulano, chega-te para aqui e assenta-te; ele se virou e se assentou. 2 Então, Boaz tomou dez homens dos anciãos da cidade e disse: Assentai-vos aqui. E assentaram-se. 3 Disse ao resgatador: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, a tem para venda. 4 Resolvi, pois, informar-te disso e dizer-te: compra-a na presença destes que estão sentados aqui e na de meu povo; se queres resgatá-la, resgata-a; se não, declara-mo para que eu o saiba, pois outro não há senão tu que a resgate, e eu, depois de ti. Respondeu ele: Eu a resgatarei. 5 Disse, porém, Boaz: No dia em que tomares a terra da mão de Noemi, também a tomarás da mão de Rute, a moabita, já viúva, para suscitar o nome do esposo falecido, sobre a herança dele. 6 Então, disse o resgatador: Para mim não a poderei resgatar, para que não prejudique a minha; redime tu o que me cumpria resgatar, porque eu não poderei fazê-lo.
7 Este era, outrora, o costume em Israel, quanto a resgates e permutas: o que queria confirmar qualquer negócio tirava o calçado e o dava ao seu parceiro; assim se confirmava negócio em Israel. 8 Disse, pois, o resgatador a Boaz: Compra-a tu. E tirou o calçado. 9 Então, Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois, hoje, testemunhas de que comprei da mão de Noemi tudo o que pertencia a Elimeleque, a Quiliom e a Malom; 10 e também tomo por mulher Rute, a moabita, que foi esposa de Malom, para suscitar o nome deste sobre a sua herança, para que este nome não seja exterminado dentre seus irmãos e da porta da sua cidade; disto sois, hoje, testemunhas. 11 Todo o povo que estava na porta e os anciãos disseram: Somos testemunhas; o SENHOR faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Lia, que ambas edificaram a casa de Israel; e tu, Boaz, há-te valorosamente em Efrata e faze-te nome afamado em Belém. 12 Seja a tua casa como a casa de Perez, que Tamar teve de Judá, pela prole que o SENHOR te der desta jovem.
13 Assim, tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua mulher; coabitou com ela, e o SENHOR lhe concedeu que concebesse, e teve um filho. 14 Então, as mulheres disseram a Noemi: Seja o SENHOR bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste. 15 Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos. 16 Noemi tomou o menino, e o pôs no regaço, e entrou a cuidar dele. 17 As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi.
18 São estas, pois, as gerações de Perez: Perez gerou a Esrom, 19 Esrom gerou a Rão, Rão gerou a Aminadabe, 20 Aminadabe gerou a Naassom, Naassom gerou a Salmom, 21 Salmom gerou a Boaz, Boaz gerou a Obede, 22 Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.
O Povo do Reino de Deus
Quando o evangelho se espalhou pelo Império Romano e muitos gentios começaram a aceitar Jesus como Salvador, logo surgiram discussões sobre a necessidade de os gentios seguirem as leis dos judeus, especialmente a lei que mandava que todo homem fosse circuncidado (ver At 15.1-33). Essa mesma discussão apareceu nas igrejas que o apóstolo Paulo havia fundado na província romana da Galácia, que ficava numa região que hoje faz parte da Turquia. Várias pessoas estavam dizendo àqueles cristãos que, para poderem ser justificados, eles precisavam obedecer à lei de Moisés.
A Epístola aos Gálatas é a resposta que Paulo dá a essa falsa doutrina. Com argumentos fortes e palavras às vezes chocantes, Paulo denuncia esse outro evangelho que está sendo anunciado e procura trazer de volta para a fé verdadeira aqueles que estão se desviando do caminho certo. Ele fala da sua própria experiência cristã e defende a sua autoridade como apóstolo. Mostra também como, na reunião dos líderes cristãos em Jerusalém, ele tinha recebido a aprovação deles para continuar a anunciar a mensagem de que a salvação depende somente da fé e não daquilo que a lei de Moisés manda fazer. Em defesa da sua posição, Paulo cita o Antigo Testamento e fala da experiência de Abraão, o pai do povo escolhido. Ele mostra que Abraão foi justificado por Deus não por causa das suas obras, mas porque teve fé em Deus. Na última parte da epístola, Paulo fala da liberdade que têm as pessoas que creem em Cristo e como essa liberdade se torna realidade na vida cristã.
Todos os cristãos de todos os tempos devem se lembrar sempre desta declaração do apóstolo: "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" (5.1).
Prefácio e saudação (1.1-9)
1. O Evangelho anunciado pelo apóstolo
a. Recebido mediante revelação direta de Jesus Cristo (1.10-24)
b. Reconhecido pelos líderes da igreja de Jerusalém (2.1-14)
c. Centraliza-se na justificação pela fé em Cristo (2.15-21)
2. O Evangelho da graça de Deus e a liberdade cristã
a. A suficiência da fé (3.1-14)
b. A relação entre lei e promessa (3.15-29)
c. Demonstração de que a salvação é obra da graça de Deus (4.1-31)
d. Exortação a permanecer firme na liberdade (5.1-12)
3. O uso da liberdade cristã
a. O correto uso da liberdade cristã (5.13-26)
b. A vida no Espírito (6.1-10) Conclusão e bênção (6.11-18)
1 Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos, 2 e todos os irmãos meus companheiros, às igrejas da Galácia, 3 graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do [nosso] Senhor Jesus Cristo, 4 o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, 5 a quem seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!
6 Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, 7 o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. 8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. 9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.
10 Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. 11 Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, 12 porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo. 13 Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava. 14 E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. 15 Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve 16 revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, 17 nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco.
18 Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; 19 e não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor. 20 Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. 21 Depois, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. 22 E não era conhecido de vista das igrejas da Judeia, que estavam em Cristo. 23 Ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir. 24 E glorificavam a Deus a meu respeito.
1 Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito. 2 Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão. 3 Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se. 4 E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão; 5 aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. 6 E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram; 7 antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me fora confiado, como a Pedro o da circuncisão 8 (pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios) 9 e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão; 10 recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer.
11 Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. 12 Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. 13 E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. 14 Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? 15 Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios, 16 sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. 17 Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! 18 Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. 19 Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; 20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. 21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.